Reduzir sistematicamente as ineficiências na sala de cateterismo (tais como melhorar o tempo de início dos procedimentos e o intervalo entre paciente e paciente em sala) pode definitivamente melhorar a produtividade de um Serviço de Cardiologia Intervencionista sem que seus médicos tenham que chegar mais tarde em casa. De fato, o trabalho pode terminar ainda mais rápido.
Este estudo realizado em um centro que conta com 10 salas de cateterismo e que será publicado proximamente no JACC Intv nos dá pistas sobre como otimizar a produção, melhorar a satisfação dos pacientes e chegar em casa a tempo para jantar.
Existem muitas ineficiências operacionais e procedimentos redundantes que nos atrasam todos os dias. Nesse sentido, há coisas que poderíamos fazer para melhorá-los (sem contar as falências de índole administrativa que excedem nosso alcance).
Conhecer as ineficiências é o primeiro passo para melhorar, já que dada a falta de padronização há uma grande heterogeneidade entre as diferentes instituições.
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Um dos momentos nos quais o tempo é mais variável (e, portanto, oferece um grande potencial de melhoria) é na instância de preparação do paciente, quando se checa a história clínica, se assina o consentimento e se coloca o acesso venoso. Tudo isso deve ser feito antes do ingresso à sala de cateterismo. Uma vez executado o check list não pode haver demoras para chegar à sala (exemplo: “engarrafamento” no elevador).
Quando o paciente entra efetivamente na sala todo o pessoal envolvido tem que estar ciente de quem é o paciente, que procedimento se vai efetuar e qual vai ser o acesso vascular, para poder colocar, sem demoras, os campos estéreis e preparar o material.
Outra demora clássica ocorre quando o paciente já está pronto, os campos estéreis postos, o acesso vascular completo e o médico intervencionista encarregado do procedimento não chega. Um detalhe fundamental é que enquanto se faz o check list o médico responsável deve ser avisado de que o paciente é o próximo em sala.
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Uma vez iniciado o procedimento os tempos são fixos. Se a coronária direita tem uma origem anómala ou se a lesão não dilata e é necessário utilizar aterectomia rotacional não há mais remédio que ter paciência.
Uma vez concluída a intervenção e tendo-se assegurado que tudo se encontra em ordem há uma vez mais oportunidade para melhorar. O paciente pode ser transferido a uma sala de recuperação para retirar o introdutor caso o acesso tenha sido femoral. Para o momento da angiografia de controle final, o pessoal encarregado de recondicionar a sala de cateterismo já deve estar preparado para começar a trabalhar imediatamente após a saída do paciente e nesse momento o check list do próximo pacientes já deve estar realizado.
Para o trabalho em questão, aplicar medidas desse tipo reduziu em média 17 minutos o tempo de início do procedimento (p = 0,0024), uns 5 minutos a mudança de pacientes (p < 0,001) e a proporção de dias que as salas de cateterismo foram utilizadas em tempo completo melhora de 7,7% a 77,3% (p < 0,001). Estes minutos multiplicados por todos os pacientes e por todas as salas com que contam o serviço resultam em uma enorme quantidade de tempo.
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O mais importante é que melhorou a satisfação dos pacientes e do pessoal da sala de cateterismo porque não tiveram que trabalhar depois de hora, à noite ou no fim de semana.
Título original: Operational Efficiency and Productivity Improvement Initiatives in a Large Cardiac Catheterization Laboratory.
Referência: Grant W. Reed et al. J Am Coll Cardiol Intv 2018, online before print.
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