ACC 2018 | SMART-DATE: 6 meses de dupla antiagregação é pouco tempo em SCA

Este trabalho comparou 6 vs. 12 meses de doble antiagregação plaquetária (DAPT) em pacientes que tinham sido admitidos cursando uma síndrome coronariana aguda (SCA) e que receberam DES contemporâneos e não encontrou diferenças no desfecho primário combinado. No entanto, ao analisar os componentes do desfecho primários separadamente foram observados mais infartos entre aqueles pacientes que fizeram um esquema curto.

Prolongar a dupla antiagregação em pacientes com síndromes coronarianas agudas que não tenham um risco excessivo de sangramento deve continuar sendo o tratamento padrão segundo o SMART-DATE, estudo apresentado nas sessões científicas do congresso do American College of Cardiology 2018 e publicado simultaneamente na revista Lancet.

O estudo randomizou 2.712 pacientes cursando infartos agudos do miocárdio com e sem supradesnivelamento do segmento ST ou angina instável que receberam angioplastia com stents eluidores de everolimus, zotarolimus ou biolimus.


Leia também: ACC 2018 | TREAT: ticagrelor e fibrinolíticos: o que ocorre com os sangramentos?


Os pacientes que receberam 6 meses de DAPT apresentaram uma taxa similar do desfecho primário combinado (morte por qualquer causa, infarto ou AVC) em 18 meses de seguimento àqueles que receberam pelo menos 12 meses de DAPT (4,7% vs. 4,2%; HR 1,13), alcançando o critério de não inferioridade para esta população (p = 0,027).

Sem diferenças em morte ou AVC entre ambos os braços, observou-se uma taxa significativamente mais alta de infartos nos que receberam o esquema curto (1,8% vs. 0,8%; IC 95% 1,15-5,05). Dita taxa não foi compensada com apenas uma tendência na redução de sangramentos.


Leia também: Dupla antiagregação plaquetária pós-PCI com EES: 6 ou 12 meses?


Vale a pena fazer alguns esclarecimentos: por exemplo, somente 73,7% dos pacientes randomizados ao esquema curto efetivamente aderiram ao protocolo, motivo pelo qual o crossover foi significativo. Por sua vez, o clopidogrel foi utilizado em 80% das vezes, já que os novos antiagregantes não estavam disponíveis na Coreia do Sul no início do estudo.

Título original: 6-month versus 12-month or longer dual antiplatelet therapy after percutaneous coronary intervention in patients with acute coronary syndrome (SMART-DATE): a randomised, open-label, non-inferiority trial.

Referência: Hahn J-Y et al. Lancet. 2018; Epub ahead of print.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Doença de tronco da coronária esquerda: ATC guiada por imagens intravasculares vs. cirurgia de revascularização miocárdica

Múltiplos ensaios clínicos randomizados demonstraram resultados superiores da cirurgia de revascularização coronariana (CABG) em comparação com a intervenção coronariana percutânea (ATC) em pacientes com...

AHA 2025 | DAPT-MVD: DAPT estendido vs. aspirina em monoterapia após PCI em doença multivaso

Em pacientes com doença coronariana multivaso que se mantêm estáveis 12 meses depois de uma intervenção coronariana percutânea (PCI) com stent eluidor de fármacos...

AHA 2025 | TUXEDO-2: manejo antiagregante pós-PCI em pacientes diabéticos multivaso — ticagrelor ou prasugrel?

A escolha do inibidor P2Y12 ótimo em pacientes diabéticos com doença multivaso submetidos a intervenção coronariana percutânea (PCI) se impõe como um desafio clínico...

AHA 2025 | DECAF: consumo de café vs. abstinência em pacientes com FA — recorrência ou mito?

A relação entre o consumo de café e as arritmias tem sido objeto de recomendações contraditórias. Existe uma crença estendida de que a cafeína...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...