Gentileza do Dr. Carlos Fava.
Os benefícios do TAVI são claros e evidentes, e a progressiva melhoria de seus resultados se deve à melhor seleção dos pacientes, à maior experiência dos operadores e ao desenvolvimento de novas válvulas que fortalecem sua segurança e complexidade. Contudo, a questão da durabilidade continua sendo um dos grandes interrogantes, especialmente agora que o procedimento está se estendendo a populações cada vez mais jovens ou de baixo risco.
Recentemente foi proposta a nova definição sobre deterioração estrutural valvar (DEV) no eco-Doppler, sendo moderado quando apresenta um gradiente transprotético ≥ 20 mmHg e < 40 mmHg e < 20 mmHg de mudança em comparação com o basal (antes da alta ou dentro dos 30 dias), e/ou uma nova regurgitação moderada ou piora da regurgitação basal a severa quando apresenta um gradiente médio ≥ 40 mmHg e/ou ≥ 20 mmHg em comparação com o basal (antes da alta ou dentro dos 30 dias), e/ou uma nova regurgitação severa ou piora de uma regurgitação basal. A falha da válvula (FV) foi definida como reinternação (V-in-V), oclusão de uma regurgitação paravalvar, cirurgia de substituição da valva aórtica ou confirmação por autópsia de deterioração valvar. A FV incluiu deterioração não estrutural da valva (regurgitação paravalvar, mismatch, mal posicionamento, embolização tardia, degeneração e/ou disfunção), trombose e endocardite.
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Foram incluídos 378 pacientes entre 2002 e 2012. Todos eles tinham no mínimo cinco anos de seguimento.
A idade média foi de 83,3 anos (45,9% eram homens). A maioria se encontrava em classe funcional III-IV e apresentavam múltiplas comorbidades. O EuroScore foi de 22,8.
A área valvar foi de 0,68 cm2, o gradiente foi de 50 mmHg, utilizou-se válvula expansível por balão (SAPIENS XT 56%, SAPIENS 21,5% e PVT/Cribier-Edwards 20,5%), o acesso femoral foi a escolha em mais de 80% dos casos.
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Após o implante o gradiente caiu a 9,7 mmHg e a área aórtica se incrementou a 1,8 cm2. A presença de regurgitação moderada/severa foi de 5,6% e severa foi de 0,6%.
A mortalidade em 30 dias foi de 13,2%, o AVC foi de 1,8%, as complicações vasculares ocorreram em 15,1% dos casos, o sangramento maior em 24,6% e a necessidade de marca-passo definitivo foi de 5,6%.
A sobrevida no período de 12 meses foi de 71,4%, e em 5 e 8 anos foi de 31,7% e 9,6%, respectivamente. No seguimento de 8 anos a incidência de DEV e FV foi de 3,2% (95% CI: 1,45-6,11 e 95% CI: 0,15-2,75, respectivamente), sendo 9 pacientes DEV e 2 pacientes FV.
Conclusão
Embora os pacientes de alto risco/inoperáveis tenham uma sobrevida pobre, estes dados não acendem nenhum alarme no que se refere à durabilidade do TAVI. Uma avaliação cuidadosa em pacientes jovens e de baixo risco deve ser feita em comparação com as válvulas cirúrgicas para estimar a durabilidade do TAVI a longo prazo.
Comentário
Esta análise demonstra que o TAVI não só é seguro mas também que sua performance hemodinâmica está assegurada por um período de 8 anos.
Uma das limitações é a sobrevida, já que estamos tratando pacientes de alto risco com muitas comorbidades.
Estes dados nos incentivam a continuar avançando com as pesquisas em populações de menor risco e mais jovens, mas é bem claro que devem se tratar de estudos randomizados e bem controlados como os que se encontram em andamento, já que as válvulas cirúrgicas nos asseguram uma durabilidade de aproximadamente 15 anos, talvez mais.
Título original: Assessment of structural valve deterioration of trascatheter aortic bioprosthetic balloon-expandible valves using the new European consensus definition.
Referência: Helene Eltchaninoff, et al. EuroIntervention2018:13 online publish-ahead-of print March 2018.
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