AHA 2019 | RECOVERY: cirurgia precoce em estenose aórtica severa assintomática

Este pequeno estudo randomizado esquentou o debate sobre quando intervir diante de uma estenose aórtica. Adiar o implante percutâneo aórtico cirúrgico em pacientes com estenose aórtica assintomática e esperar com tratamento médico o início dos sintomas aumentou o risco operatório e a morte cardiovascular por qualquer causa. 

AHA 2019 | RECOVERY: Cirugía precoz en estenosis aórtica severa asintomática

Este trabalho apresentado pelo Dr. Duk-Hyun Kang durante as sessões científicas do AHA 2019 (e simultaneamente publicado no NEJM) respalda a ideia do implante valvar preventivo em pacientes assintomáticos com estenose aórtica severa. 

O RECOVERY randomizou 145 pacientes assintomáticos com estenose aórtica severa (área valvar ≤ 0,75 cm² e uma velocidade pico sistólica ≥ 4,5 m/seg. ou um gradiente médio ≥ 50 mmHg) de 4 hospitais da Coreia a cirurgia precoce (dentro dos 2 meses) ou ao tratamento convencional de esperar os sintomas para intervir. 


Leia também: AHA 2019 | GALILEO-4D: rivaroxabana e prevenção de engrossamento e trombose das valvas pós-TAVI.


A cirurgia foi bem-sucedida nos 72 pacientes que a ela foram submetidos e teve zero mortalidade. Dentre os pacientes randomizados a estratégia convencional, 74% terminaram recebendo TAVI ou cirurgia por desenvolvimento de sintomas no seguimento (a média entre a randomização e o desenvolvimento de sintomas foi de 700 dias). Neste grupo também não se observou mortalidade periprocedimento. 

Após mais de 6 anos a mortalidade por causas cardiovasculares foi significativamente menor no grupo que recebeu cirurgia precoce (1% vs. 15%; HR 0,09; IC 95%: 0,01-0,67). A mortalidade por qualquer causa também foi menor (7% vs. 21%; HR 0,33; IC 95% 0,12-0,90).

Os valores usados na definição da valvopatia foram muito estritos. As estenoses eram realmente muito severas, motivo pelo qual é provável que muitos pacientes se encontrassem autolimitados e não realmente assintomáticos. Ao anteriormente afirmado, soma-se o risco cirúrgico muito baixo. 

Para pensar em modificar as diretrizes ainda falta dados que serão aportados por trabalhos que já estão randomizando pacientes, como é o caso do EARLY TAVR. 

recovery-aha2019

Título original: Early surgery or conservative care for asymptomatic aortic stenosis.

Referência: Kang D-H et al. Presentado en las sesiones científicas del congreso AHA 2019 y publicado simultáneamente en NEJM.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

Valvoplastia aórtica radial: vale a pena ser minimalista?

A valvoplastia aórtica com balão (BAV) foi historicamente empregada como estratégia de “ponte”, ferramenta de avaliação ou inclusive tratamento paliativo em pacientes com estenose...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...