A tomografia com emissão de pósitrons (PET) com Fluoreto de sódio (F-NaF) permite avaliar a atividade de microcalcificação (MA) em uma grande quantidade de doenças cardiovasculares, incluindo a aterosclerose. Na doença coronariana este traçador se correlaciona com doença evolutiva e permite prever a progressão da aterosclerose.
Diferentemente da anterior, a tomografia computadorizada (CT) permite avaliar um “escore” de cálcio (CS) já estabelecido, embora uma realização seriada e comparativa da mesma possa indicar estabilidade ou evolução da doença.
Este trabalho recentemente publicado no JACC analisou com F-NaF PET a atividade de microcalcificação coronariana (CMA) em um grupo de pacientes com doença coronariana cujo escore de cálcio tinha sido avaliado por CT em dois estudos separados por não menos de um ano.
Dos 293 participantes 48 tinham sido submetidos a cirurgia de revascularização (CRM) entre 1,4 e 10,4 anos antes (média 2,7 anos); esses pacientes foram comparados com um grupo de 48 pacientes com doença coronariana sem CRM mas com características clínicas e anatômicas similares (grupo controle).
Um dos achados mais chamativos foi que as artérias coronarianas nativas submetidas a pontes tiveram valores de CMA significativamente maiores (2,1[IQR: 0,4-7,5] vs. 0,6 [IQR: 0-2,7]; p < 0,001) que o grupo controle, efeito que esteve majoritariamente circunscrito à porção proximal dos vasos submetidos a anastomose (CMA 2,0 proximal vs. 0,2 distal à anastomose).
Leia também: Prática clínica dissociada dos estudos: más notícias para nossos pacientes?
Em relação à CT o SC progrediu 3 vezes mais rapidamente dentro do segmento proximal de vasos submetidos a anastomose do que nos mesmos segmentos do grupo com o qual foram comparados (118 vs. 69 U. Agatston; p = 0,01), diferença não observada nos segmentos distais de ambos os grupos.
Das 154 pontes analisadas somente 37 (24%) tiveram evidência de vasculopatia na CT e 20 (13%) estavam ocluídas. Somente 8 pontes venosas mostraram atividade de captação de F-NaF (atividade de microcalcificação), o que sugere que a microcalcificação não parece ser o mecanismo dominante da degeneração das pontes venosas, embora essa observação mereça investigação mais profunda.
Conclusões
Os autores concluem que as artérias coronarianas submetidas a ponte têm uma maior atividade e mais progressão da doença que as artérias que não submetidas a dito procedimento, o que parece ser independente da carga aterosclerótica de base.
A maior progressão se dá muito mais intensamente na porção do vaso nativo proximal à anastomose.
Dr. José Álvarez
Diretor solaci.org
Título original: Bypass Grafting and Native Coronary Artery Disease Activity.
Referência: Jacek Kwiecinski, MD, PHD,a,b,c,d Evangelos Tzolos, MD,a,b,c,e Alexander J. Fletcher, MD, et al. J Am Coll Cardiol Img 2022 (in press).
Subscreva-se a nossa newsletter semanal
Receba resumos com os últimos artigos científicos