Durante a sessão “Mitral Valve” (realizada no primeiro dia de atividades do SOLACI-SOCIME 2022), o Dr. Ignacio Amat Santos (Espanha) ofereceu uma grande palestra sobre a substituição percutânea da valva mitral (TMVR).
Em sua apresentação mostrou os distintos cenários da substituição transmitral, isto é, mitral valve-in-valve, mitral valve-in-ring, mitral valve-in-MAC, além dos novos dispositivos para valvas nativas não calcificadas.
Na análise do prognóstico, o cenário mais complexo – e com uma ampla vantagem – é o do Vi-MAC. A via de escolha por segurança deveria ser a transeptal, já que mostrou menor mortalidade em comparação com a transapical.
O doutor também narrou sua experiência, sobretudo como os dispositivos Tendyne, com os quais 93% dos pacientes apresentaram IM residual trivial no seguimento de dois anos.
Essa terapêutica conta com limitações similares às do MitraClip, particularmente em pacientes com deterioração severa da função ventricular ou com ventrículos muito dilatados.
As principais complicações do pós-implante são a obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo e a migração/embolização da prótese. Para tentar evitar isso, pode-se realizar uma ablação septal prévia com álcool ou, em alguns casos, com radiofrequência. Isso permitiria ter uma via de saída modificada (NeoLVOT).
Por último, o doutor ressaltou que a terapia de TMVR se encontra ainda em uma fase precoce de desenvolvimento, havendo aspectos clínicos e técnicos a serem resolvidos.
Posteriormente, o Dr. Luis Nombela-Franco (Espanha), do Hospital San Carlos de Madri, falou sobre o tratamento transcateter da insuficiência mitral (IM) com a terapia borda a borda.
Segundo os registros, foram implantados mais de 150.000 dispositivos borda a borda em todo o mundo, principalmente com MitraClip, embora também esteja disponível o dispositivo Pascal P10/Ace. Dentre as indicações encontra-se a IM primária (pacientes não cirúrgicos), com os resultados do estudo Everest. Falta que tenhamos os resultados dos estudos MITRA-HR e Repair-MR para podermos obter melhores conclusões.
Em relação à IM funcional ou secundária, tanto os guias americanos como os europeus (IIa) favorecem a terapêutica borda a borda. Evidência que foi ganhando corpo com os resultados de 3 anos do COAPT.
Por outro lado, a correta seleção do paciente é necessária para melhorar os resultados e, em centros com maior volume e experiência, seria possível aceitar anatomias mais complexas.
Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
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