O uso atual do TAVI tem se incrementado em pacientes de risco intermediário, chegando inclusive a pacientes de baixo risco. As complicações vasculares relacionadas com o acesso e o sangramento continuam sendo frequentes após o TAVI transfemoral e estão associadas a maus resultados a curto e longo prazo. A utilização de dispositivos de oclusão percutânea permitem ocluir a via de acesso sem necessidade de cirurgia. O dispositivo ProFlide demonstrou ser superior ao Prostar XL.
A combinação de dispositivos de oclusão baseados em sutura com dispositivo de oclusão com um plug de colágeno demonstrou ser segura e factível como estratégia de resgate para evitar as complicações. Essa abordagem reduziria a obstrução e a tensão da artéria femoral comum. No entanto, os resultados da estratégia no mundo real são insuficientes.
O objetivo deste estudo retrospectivo foi comparar o uso de dois ProGlide vs. um ProGlide + 1 dispositivo de oclusão com plug nas complicações vasculares e sangramento em pacientes submetidos a TAVI transfemoral.
O desfecho primário (DP) foi a ocorrência de complicação vascular maior relacionada com o acesso e sangramento intra-hospitalar. O desfecho secundário (DS) incluiu complicações vasculares, falhas na utilização do dispositivo, sangramento e a necessidade de cirurgia, tratamento endovascular e transfusão de glóbulos vermelhos.
Foram analisados 989 pacientes e após a realização de um propensity score matching (PSM) para homogeneizar os grupos ficaram 874 pacientes na análise. A idade média foi de 80 anos e 45% da população estava composta por mulheres. No grupo de duplo ProGlide houve uma menor taxa de pacientes em diálise crônica e a tortuosidade avaliada na AngioTC também era menor.
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O acesso femoral direito foi o mais utilizado como acesso principal, ao passo que o acesso secundário mais frequentemente utilizado no grupo duplo ProGlide foi o acesso radial. A válvula mais utilizada foi a SAPIEN 3, seguida da ACURATE Neo e da EVOLUT R. No grupo de duplo ProGlide a quantidade de contraste utilizado foi maior.
O DP foi significativamente maior no grupo duplo ProGlide (11,4% vs. 3,0%; p < 0,001). Este mesmo grupo apresentou maior taxa de falhas na utilização do dispositivo (2,7% vs. 0,9%; p = 0,044) e necessitou ser submetido a cirurgia não planejada ou tratamento endovascular com maior frequência (3,9% vs. 0,9%; p = 0,004).
Na análise multivariada a idade e a doença coronariana prévia foram independentemente associados com uma maior incidência do DP, ao passo que o uso de ProGlide + um dispositivo de oclusão com plug foram independentemente associados com uma menor incidência do DP.
Conclusão
A combinação de dispositivos de oclusão baseada em sutura com plug associado poderia ter o potencial de reduzir as complicações vasculares maiores relacionadas com o acesso e o sangramento, além de reduzir a necessidade de cirurgia e tratamento endovascular após o TAVI.
Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Dual ProGlide versus ProGlide and FemoSeal for vascular access haemostasis after transcatheter aortic valve implantation
Referência: Jonas M.D. Gmeiner et al EuroIntervention 2022;18.
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