Devemos começar a pensar na hipertensão pulmonar pós-TAVI

A hipertensão pulmonar está relacionada com maior mortalidade tanto após a substituição valvar aórtica quanto no TAVI. 

Inflamación crónica, enfermedad coronaria y cáncer: distintas caras de una misma moneda

Trata-se de um fenômeno dinâmico e não se avaliou o que ocorre após o TAVI – no periprocedimento – e qual é seu impacto. 

Foi feita uma subanálise do Registro OCEAN TAVI efetuado no Japão, no qual foram incluídos 1872 pacientes. Estes foram divididos em dois grupos antes do TAVI, de acordo com a pressão sistólica da artéria pulmonar (PSAP) e estabelecendo-se como ponto de corte 36 mmHg. Ficou conformado, assim, um grupo de 1307 pacientes (68,9%) com PSAP normal e outro composto por 565 pacientes (30,2%) com uma PSAP > 36 mmHg. 

Após a alta todos os pacientes foram submetidos a um eco-Doppler. O grupo com PSAP < 36 mmHg foi dividido em dos segmentos: por um lado, 1027 pacientes ficaram no grupo sem hipertensão pulmonar (PPN) (78,6%); por outro, 280 pacientes foram incluídos no grupo que desenvolveu uma nova PSAP > 36 mmHg (21,4%). 

Leia também: Dissecção coronariana espontânea: qual é o tratamento e prognóstico?

Os pacientes que apresentavam hipertensão pulmonar antes do TAVI também foram divididos em dois grupos: por um lado, 257 pacientes (45,5%) que conseguiram normalizar a PSAP (NRL PSAP) e, por outro, 308 pacientes (54,5%) que continuaram com hipertensão pulmonar residual (HP RE). 

Os pacientes com PSAP elevada foram majoritariamente mulheres (em comparação com os que tinham registros normais). Além disso, observou-se neste grupo um maior índice de fibrilação atrial, DPOC, deterioração da função renal e classe funcional III-IV. O STS também foi maior, a fração de ejeção foi mais baixa, houve mais insuficiência mitral e tricúspide moderada e severa. 

Em dois anos de seguimento a mortalidade por qualquer causa foi maior nos pacientes que apresentaram aumento de PSAP (19,3% vs. 12,6%; unadjusted HR: 1,65; 95% CI: 1,27-2,16; p < 0,01), bem como a mortalidade cardiovascular (7,4% vs. 4,5%; unadjusted HR: 1,70; 95% CI: 1,12-2,56; p < 0,01) e as re-hospitalizações por insuficiência cardíaca (16,8% vs. 8,6%; unadjusted HR: 2,16; 95% CI: 1,61-2,89; p < 0,01). Os pacientes que apresentaram PSAP basal elevada tiveram maior taxa de mortalidade em comparação com os pacientes em que a PSAP era normal. 

Leia também: Estratégia invasiva precoce para síndromes coronarianas agudas em doença renal crônica.

Além disso, observou-se maior taxa de mortalidade e re-hospitalizações nos pacientes que após o TAVI apresentaram PPN, NV PSAP, NRL PSAP e HP RE (11% vs. 12,8% vs. 18,6% vs. 24,7%; p > 0,01; e 7,7% vs. 9,3% vs. 11,8% vs. 23,1%; p > 0,001, respectivamente). 

Os pacientes com NRL PSAP tiveram uma evolução similar aos que tinham PPN. Por sua vez, os que desenvolveram NV PSAP apresentaram uma maior mortalidade. 

Os preditores de hipertensão residual pós-TAVI foram a fibrilação atrial e a presença de insuficiência tricúspide moderada ou severa, ao passo que o mismatch protético foi um preditor de hipertensão pulmonar de nova aparição. 

Conclusão

A estratificação de risco com base na presença de hipertensão pulmonar pós-TAVI pode identificar pacientes com um incremento de mortalidade pós-TAVI. A presença de mismatch protético foi identificado como um preditor de hipertensão pulmonar de nova aparição.

Dr. Carlos Fava - Consejo Editorial SOLACI

Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Impact of Periprocedural Pulmonary Hypertension on Outcomes After Transcatheter Aortic Valve Replacement.

Referência: Junichi Miyamoto, et al J Am Coll Cardiol 2022;80:1601–1613.


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