Podemos utilizar DAPT durante 3 meses nas síndromes coronarianas agudas?

No que às síndromes coronarianas agudas se refere, as diretrizes atuais recomendam 12 meses de dupla antiagregação plaquetária (DAPT) após uma angioplastia (ATC) com implante de DES, devido ao risco de eventos trombóticos. 

¿Podemos utilizar DAPT durante 3 meses en síndromes coronarios agudos?

Os stents mais modernos, finos e ultrafinos, comparados com suas versões anteriores, têm demonstrado ser mais eficazes em termos de trombose do stent e reestenose. 

As DAPT prolongadas tem se relacionado com mais sangramentos, especialmente os digestivos. 

Há, na atualidade, evidência (em alguns estudos randomizados e registros) de que a DAPT de curta duração (1 a 3 meses) poderia ser eficaz e reduzir os sangramentos. No entanto, dita estratégia ainda não foi adotada como o novo padrão de tratamento após o implante de stent, tanto nas síndromes agudas quanto nas crônicas. 

Para esta metanálise foram incluídos 5 estudos randomizados (REDUCE, RESET‐ACS, SMART‐CHOICE, TICO e TWILIGHT‐ACS), com um total de 16.781 pacientes. Dentre eles, 8387 receberam DAPT durante 3 meses (49,97%) e 8394 durante 12 meses.  

Leia também: Índices invasivos de viabilidade miocárdica.

Os grupos foram similares.

Não houve diferença entre as duas estratégias no que se refere a MACE (RR: 0,92; 95% CI: 0,76–1,11), mortalidade cardiovascular (RR: 1,26; 95% CI: 0,38–4,17), mortalidade por qualquer causa (RR: 0,92; 95% CI: 0,48–1,77), infarto (RR: 0,98; 95% CI: 0,74–1,30) ou trombose do stent (RR: 1,30; 95% CI: 0,55–3,05).

A DAPT administrada durante 3 meses apresentou uma redução significativa dos sangramentos maiores em comparação com a DAPT administrada durante 12 meses (RR: 0,53; 95% CI: 0,43–0,64).

Conclusão

Nos pacientes com síndromes coronarianas agudas que foram submetidos a ATC, três meses de DAPT reduz o risco de sangramento sem aumentar o risco de outras complicações. 

Dr. Carlos Fava - Consejo Editorial SOLACI

Dr. Carlos Fava.
Membro do conselho editorial da SOLACI.org.

Título Original: Three versus 12‐month dual antiplatelet therapy duration in patients with acute coronary syndrome undergoing percutaneous coronary intervention: A meta‐analysis of randomized controlled trials.

Referência: Vijairam Selvaraj, et al. Catheter Cardiovasc Interv. 2022;100:1151–1158.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Mais artigos deste autor

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Perfurações coronarianas e o uso de stents recobertos: uma estratégia segura e eficaz a longo prazo?

As perfurações coronarianas continuam sendo uma das complicações mais graves do intervencionismo coronariano (PCI), especialmente nos casos de rupturas tipo Ellis III. Diante dessas...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...