Erosão de placa com “no stenting” na síndrome coronariana aguda: existem preditores de eventos para evitar esta estratégia?

Preditores de eventos em pacientes com erosão de placa e “sem stent”.


A erosão de placa é origem de um terço dos casos de síndromes coronarianas agudas (SCA). No estudo inicial do EROSION, demonstrou-se que os pacientes com erosão de placa (objetivada por OCT, com estenose inferior a 70%, fluxo TIMI III e assintomático) foram estabilizados, sem implante de stent (estratégia no stenting), com tratamento antiagregante com aspirina e ticagrelor. Por usa vez, no seguimento de 4 anos do estudo, observou-se uma incidência de eventos cardiovasculares maiores (MACE) de 23,1%.

Erosión de placa con “no stenting” en el síndrome coronario agudo: ¿Existen predictores de eventos para evitar esta estrategia?

O objetivo do estudo de Yin Y et al foi comparar os preditores de eventos adversos com esse tipo de estratégias em uma coorte retrospectiva de um centro e a coorte histórica do estudo EROSION (232 pacientes em total). Os pacientes foram divididos em dois grupos, de acordo com a ocorrência ou não de MACE. Foram incluídos pacientes com elevação do ST, sem elevação do ST e com anginas instáveis (tratados previamente com aspirina, ticagrelor e heparina não fracionada). 

Dos 232 pacientes com SCA incluídos, 21,6% apresentaram um evento de MACE (desfecho combinado de morte cardíaca, IAM recorrente, revascularização guiada por isquemia, re-hospitalização por angina, sangramento maior ou AVC) no seguimento de 2,9 anos. Os pacientes que apresentaram MACE eram mais velhos (55,7 vs. 51 anos; p = 0,004) e com maior prevalência de diabete (18% vs. 8,8%; p = 0,063). Ao analisar os dados de OCT, os pacientes com eventos tiveram menor prevalência de presença de uma placa fibrosa (6% vs. 22%; p = 0,010), maior carga trombótica (CT) (24,4% vs. 20,4%; p = 0,010), uma área luminal mínima menor (2,3 vs. 2,9; p = 0,001) e uma porcentagem da área de estenose (%AS) maior (72,2% vs. 64,2%; p ≤ 0,001).

Leia também: Dissecção aórtica tipo B não complicada.

Ao realizar a análise multivariada observou-se que os preditores de eventos foram a idade (HR 1,035, IC 95% 1,005-1,065; p = 0,021), %AS (HR 1,043, IC 95% 1,015-1,071; p = 0,003) e a CT (1,026, IC 95% 1,001-1,053; p = 0,044). Por sua vez, foram analisados com uma curva ROC os melhores pontos de corte para a definição de eventos, sendo a idade superior a 60 anos, uma %AS ≥ 63,5% e ≥ 18,5% para a CT. Quando estes três preditores coexistiram observou-se um índice de MACE de 57,7%. 

Conclusões

Observou-se nos pacientes com SCA e selecionados para uma estratégia no stenting um índice de MACE de 21,6%, sendo os preditores para desfechos clínicos a presença de idade superior a 60 anos, %AS superior a 63,5% e CT superior a 18,5%, o que nos indica que ditas características devem ser levadas em consideração antes de tomar a decisão de escolher uma estratégia de no stenting

Dr. Omar Tupayachi

Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Predictors of Adverse Prognosis in Patients With Acute Coronary Syndrome Caused by Plaque Erosion With a Nonstent Strategy.

Referência: Yin Y, Lei F, Fang C, Jiang S, Xu X, Sun S, Pei X, Jia R, Tang C, Peng C, Li S, Li L, Wang Y, Yu H, Dai J, Yu B. Predictors of Adverse Prognosis in Patients With Acute Coronary Syndrome Caused by Plaque Erosion With a Nonstent Strategy. J Am Heart Assoc. 2022 Dec 20;11(24):e026414. doi: 10.1161/JAHA.122.026414. Epub 2022 Dec 19. PMID: 36533592; PMCID: PMC9798785.


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