TCT 2023 | Ensaio VIVA: TAVI vs. Cirurgia em Pacientes com Estenose Aórtica Severa e Anel Aórtico Pequeno

A estenose aórtica degenerativa (AS) é um problema valvar extremamente disseminado. Uma porcentagem significativa de pacientes apresenta um anel aórtico pequeno (SSA), especialmente entre as mulheres. O tratamento deste grupo de pacientes continua sendo um desafio pelo fato de apresentar uma alta incidência de resultados hemodinâmicos subótimos. 

TCT 2023 | Ensayo VIVA: TAVI vs. Cirugía en Pacientes con Estenosis Aórtica Severa y Anillo Aórtico Pequeño

Apesar do avanço do TAVI (implante percutâneo da valva aórtica), o tamanho do anel aórtico, o resultado hemodinâmico das válvulas protéticas e o gênero não são levados em consideração nas recomendações atuais dos guias. Atualmente, existem dados de estudos observacionais e subestudos que sugerem a superioridade do TAVI em comparação com a cirurgia (SAVR) no tratamento de pacientes com SAA. 

O objetivo deste estudo multicêntrico e randomizado foi comparar os resultados hemodinâmicos e clínicos do TAVI vs. a SAVR no tratamento da AS em contextos de SAA.

O desfecho primário (DP) foi definido como uma melhora nos resultados hemodinâmicos, incluindo a presença de um mismatch severo paciente-prótese (PPM) e/ou insuficiência aórtica (AR) moderada-grave em 60 dias. O desfecho secundário (DS) incluiu o gradiente transvalvar médio em 60 dias, bem como variáveis clínicas como a mortalidade, o acidente vascular cerebral, o sangramento maior, a fibrilação atrial de novo, o implante de marca-passo definitivo e a re-hospitalização por causas cardíacas em 30 dias. 

Leia também: TCT 2023 | TRILUMINATE Trial: status de saúde após o TriClip.

Um total de 156 pacientes foram designados de forma aleatória, ficando 79 no grupo TAVI e 75 no grupo SAVR. A idade média foi de 75 anos e a maioria eram mulheres. O escore STS médio foi de 2,5. O diâmetro médio do anel aórtico foi de 22,1 mm. No grupo TAVI, as válvulas utilizadas na maioria dos pacientes foram autoexpansíveis (59,2%), seguidas de válvulas balão-expansíveis (40,8%), e o tamanho médio da válvula foi de 23 mm. 

No tocante aos resultados, não foram observadas diferenças entre os grupos em termos de taxa de PPM severo ou AR moderada-severa (nenhuma em ambos os grupos). Tampouco foram observadas diferenças quanto à taxa de mortalidade ou de acidente vascular cerebral em 30 dias. Depois de um acompanhamento médio de 2 anos, não foram constatadas diferenças em mortalidade (p = 0,89), acidente vascular cerebral (p = 0,95) nem hospitalização cardíaca (p = 0,80).

Conclusão

Em pacientes com AS e SAA não foram observadas diferenças significativas entre o TAVI e a SAVR no que diz respeito aos resultados hemodinâmicos da válvula em acompanhamento de 2 anos. Estes achados sugerem que ambas as estratégias terapêuticas são opções válidas para pacientes com AS e SAA, e a escolha do tratamento provavelmente deva ser individualizada conforme as características iniciais, os fatores de risco anatômicos adicionais e as preferências do paciente. Todavia, é importante interpretar os resultados aqui expostos com precaução tendo em vista o tamanho limitado da população estudada. 

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Transcatheter or Surgical Aortic Valve Replacement in Patients with Severe Aortic Stenosis and Small Aortic Annulus: A Randomized Clinical Trial.

Referência: Josep Rodés-Cabau, MD, PhD et al TCT 2023.


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