As lesões severamente calcificadas representam, na atualidade, um desafio significativo, requerendo uma reparação adequada mediante balões não complacentes ou cutting balloon para que se alcance uma expansão efetiva do stent. outra opção é a utilização de aterectomia rotacional (AR) ou orbital, embora isso implique o risco de complicações como o slow/no reflow, perfurações, dissecções, infarto periprocedimento ou ruptura do cateter-guia.
Apesar da falta de estudos randomizados comparativos entre as estratégias, a litotripcia coronariana (IVL) demonstrou benefícios em diversas análises de lesões severamente calcificadas.
O estudo ROTA.shock randomizou 61 pacientes com lesões severamente calcificadas e presença de isquemia. Dentre eles, 31 foram submetidos a AR e 28 a IVL, tendo sido todos os pacientes submetidos a OCT ao finalizar o procedimento. O desfecho primário (DP) foi a área luminal mínima do stent (ALMS) ao concluir o procedimento.
A idade média dos participantes foi de 73 anos, a maioria deles eram homens, sendo que 22 tinham diabete, 58% tinham hipertensão, 41 tinham antecedentes de infarto e 5 eram fumantes. A fração de ejeção média foi de 55%, com 50 pacientes apresentando síndrome coronariana estável, 2 com angina instável, 6 apresentando NSTEMI e 1 STEMI.
A pré-dilatação foi mais comum nos pacientes submetidos a IVL. Não foram observadas diferenças na OCT realizada antes da ATC, mostrando níveis similares de calcificação e lúmen. O ângulo máximo de calcificação foi de 270 graus, com uma espessura de 0,61 mm e um comprimento de 16 mm.
O DP foi menor mas não estatisticamente inferior com IVL (média: 6,10 mm2, intervalo de confiança de 95% [IC de 95%]: 5,32–6,87 mm2) em comparação com a AR (6,60 mm2, IC de 95%: 5,66–7,54 mm2; diferença em MSA: −0,50 mm2, IC de 95%: −1,52–0,52 mm2; margem de não inferioridade: −1,60 mm2). A expansão do stent foi similar (0,82 vs. 0,83; p = 0,79) para IVL e AR, respectivamente, e não foram observadas diferenças no volume de contraste, na radiação recebido nem no tempo de procedimento.
Conclusão
Em conclusão, a litotripcia coronariana não demonstrou ser inferior no que se refere à área luminal mínima do stent, alcançando uma expansão similar ao ser comparada com a aterectomia rotacional. Além disso, não foram observadas diferenças significativas no tempo de procedimento, volume de contraste nem na radiação recebida.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Coronary intravascular lithotripsy and rotational atherectomy for severely calcified stenosis: Results from the ROTA.shock trial.
Referência: F. Blachutzik, et al. Catheter Cardiovasc Interv. 2023;102:823–833.
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