Uma das limitações das próteses aórticas biológicas é a sua durabilidade. Quando falham, uma estratégia válida é o implante percutânea de válvula, embora já tenha sido demonstrado que dita estratégia pode se relacionar com gradientes elevados.
O aumento do gradiente, por sua vez, pode vir acompanhado de uma pior evolução e maior mortalidade, como se observou no seguimento de 12 meses do estudo PARTNER 2, mas não assim no seguimento de 5 anos, o que revela a falta de evidência definitiva em tal cenário.
Realizou-se uma análise de 12.122 pacientes submetidos a TAVI em válvulas aórticas cirúrgicas com deterioração estrutural severa. O desfecho primário em um seguimento de 12 meses incluiu morte por qualquer causa, AVC, infarto ou reintervenção valvar.
Os pacientes foram divididos em quatro grupos, de acordo com o gradiente médio: < 10 mmHg (2.272 pacientes), entre 10 e menos de 20 mmHg (5.803 pacientes), entre 20 e menos de 30 mmHg (2.889 pacientes), e mais de 30 mmHg (1.158 pacientes).
A idade média foi de 76 anos e 61% da população estava composta por homens. Embora os grupos tenham sido similares em muitos aspectos, os que apresentavam um gradiente alto depois do procedimento tenderam a ter um gradiente inicial mais elevado, maior índice de massa corporal, mais prevalência de tabagismo, mais insuficiência aórtica e uma área valva aórtica superior a 1 cm2.
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Por outro lado, os pacientes com um gradiente baixo mostraram mais fibrilação atrial, menor fração de ejeção, anéis valvares grandes, níveis de hemoglobina elevados e mais procedimentos de urgência ou emergência.
O desfecho primário em 12 meses foi de 11,1%, com uma mortalidade de 7,6%, infarto de 1% e reintervenção valvar de 1,2%.
Um gradiente inferior ou igual a 20 mmHg se associou com uma maior mortalidade em 12 meses (HR ajustada de 1,017 [intervalo de confiança de 95%: 1,005–1,030] por mmHg; p = 0,007).
Foi feita uma análise ajustada conforme o gradiente (< 10 mmHg, entre 10 e > 20 mmHg, entre 20 e < 30 mmHg e ≥30 mmHg), observando-se um aumento na mortalidade quando o gradiente era < 10 ou ≥ 30 mmHg.
Conclusão
Em síntese, a relação entre o gradiente médio pós-TAVI em válvulas aórticas protéticas cirurgicamente deterioradas e a evolução clínica é complexa e não linear. Existe um aumento relativo de eventos adversos em pacientes com gradientes baixou ou extremamente altos. São necessários estudos adicionais para compreender melhor os fatores que influem nessa relação, especialmente em pacientes com gradiente baixos.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Impact of Elevated Gradients After Transcatheter Aortic Valve Implantation for Degenerated Surgical Aortic Valve Bioprostheses.
Referência: Riyad Yazan Kherallah, et al. Circ Cardiovasc Interv. 2024;17:e013558. DOI: 10.1161/CIRCINTERVENTIONS.123.013558.
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