Evolução das válvulas balão-expansíveis pequenas

Os anéis aórticos pequenos (20 mm) têm se constituído em um verdadeiro desafio, tanto em contexto de cirurgia como em implante percutâneo da valva aórtica (TAVI), devido à sua associação com um maior risco de mismatch protético (PPM), que se relaciona com uma maior incidência de insuficiência cardíaca e mortalidade. Não existem, no entanto, estudos de acompanhamento de médio e longo prazo sobre o tema. 

Evolución de las válvulas balón expandibles pequeñas

Foi feita uma análise de 316.091 pacientes no Registro TVT submetidos a tratamento com válvulas balão-expansível SAPIEN 3, SAPIEN 3 Ultra ou SAPIEN 3 Ultra RESILIA, comparando aqueles tratados com válvulas de 20 mm com os tratados com válvulas de 23, 26 ou 29 mm. 

Devido à heterogeneidade dos grupos, foi feito um propensity score matched, obtendo-se 8.100 pacientes em cada grupo. 

Depois do implante, os pacientes com anéis pequenos apresentaram maior incidência de gradientes ≥ 20 mmHg (26,4% vs. 6,9%; p < 0,0001), uma área aórtica efetiva indexada menor (0,8 ± 0,3 vs. 1 ± 0,3; p < 0,0001), maior PPM severo (20% vs. 8,2%; p < 0,0001) e um maior risco de regurgitação paravalvar moderada a severa (1,8% vs. 0,5%; p < 0,0001). A ruptura do anel foi menos frequente nos pacientes com anéis pequenos, sem diferenças em termos de complicações vasculares maiores ou sangramento que ameaçasse a vida. 

Em 30 dias e em um ano de acompanhamento, não houve diferenças em termos de mortalidade por qualquer causa, AVC, hemorragias ou readmissões hospitalares. A necessidade de marca-passo foi menor nos pacientes com anéis pequenos tanto em 30 dias quanto em um ano (4,8% vs. 8,5%; p < 0,0001 e 5,8% vs. 9,8%; p < 0,0001, respectivamente), embora tenha sido observada uma tendência a uma maior taxa de reintervenções nesse grupo (0,6% vs. 0,2%; p = 0,0005).

Leia também: TCT 2024 – ECLIPSE: estudo randomizado de aterectomia orbital vs. angioplastia convencional em lesões severamente calcificadas.

Em 3 anos de acompanhamento não foram observadas diferenças na combinação de mortalidade por qualquer causa ou icto. No entanto, a presença de PPM severo se associou a uma maior mortalidade em comparação com os pacientes com PPM moderado ou sem PPM. 

Os pacientes com gradientes médios < 10 mmHg e fração de ejeção < 50%, bem como aqueles com gradientes médios > 30 mmHg, mostraram uma maior mortalidade no acompanhamento de 3 anos. 

Na análise multivariada, a mortalidade se associou com a regurgitação paravalvar moderada ou severa, bem como com gradientes médios < 10 mmHg ou > 30 mmHg no seguimento. 

Conclusão

Os pacientes que foram tratados com uma válvula balão-expansível pequena (20 mm) tiveram uma sobrevida em acompanhamento de 3 anos comparável com a daqueles que foram tratados com válvulas de 23 mm ou maiores. No entanto, o PPM severo e os gradientes < 10 mmHg, associados a uma baixa fração de ejeção, vincularam-se com uma maior mortalidade, o que sugere que a baixa fração de ejeção poderia ser o fator determinante na evolução desfavorável. 

Título Original: 3-Year Outcomes of Balloon-Expandable Valves 20-mm vs Larger Valves (>23 mm).

Referência: Marvin H. Eng, et al. JACC Cardiovasc Interv. 2024;17:2041–2051.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Dr. Carlos Fava
Dr. Carlos Fava
Membro do Conselho Editorial da solaci.org

Mais artigos deste autor

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...