O TAVI é uma alternativa válida quando comparado com a cirurgia em pacientes de baixo risco com estenose aórtica severa. Uma de suas principais limitações, no entanto, é a incerteza sobre a durabilidade a longo prazo, especialmente em pacientes jovens ou de baixo risco.
Embora contemos com dados alentadores em seguimentos de 3 ou 4 anos, a informação disponível para além desse período é limitada.
Foi levada a cabo uma análise do estudo EVOLUTE LOW RISK em seguimento de 5 anos que incluiu 1414 pacientes com estenose aórtica severa e baixo risco cirúrgico; dentre os pacientes incluídos, 730 foram tratados com TAVI e o resto com cirurgia com prótese biológica.
O desfecho primário (DP) do estudo foi a mortalidade por todas as causas ou o acidente vascular cerebral (AVC) incapacitante em cinco anos.
A idade média da população foi de 74 anos, com 61% de homens. Ambos os grupos apresentavam características similares: hipertensão em 79% dos casos, diabetes em 31%, doença coronariana em 27% e fibrilação atrial em 17%.
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Em 5 anos não foram observadas diferenças significativas no DP, com uma incidência de 21,8% em TAVI vs. 20,7% em cirurgia (HR: 1,05; IC 95%: 0,86-1,29; p = 0,64). Tampouco houve diferenças em termos de mortalidade por qualquer causa (17,3% em TAVI vs. 16,5% em cirurgia; HR: 1,04; IC 95%: 0,83-1,31; p = 0,74) nem na taxa de AVC incapacitante (4,9% vs. 4,5%; HR: 1,09; IC 95%: 0,69-1,72; p = 0,70).
No tocante aos desfechos secundários, o TAVI mostrou:
- Menor necessidade de hospitalização por insuficiência cardíaca (8,8% vs. 12,6%; p = 0,03).
- Menor mismatch protético (8,4% vs. 26,8%; p < 0,001).
- Menor gradiente médio transvalvar (11,7 ± 5,7 vs. 13,9 ± 6,3 mmHg; p < 0,001).
- Maior área valvar indexada (1,60 ± 0,40 vs. 1,38 ± 0,34 cm²/m²; p < 0,001).
Por outro lado, a cirurgia apresentou:
- Menor incidência de insuficiência aórtica moderada ou severa (0,8% vs. 4,3%; p < 0,001).
- Menor insuficiência aórtica leve (4,9% vs. 31,3%; p < 0,001).
- Menor necessidade de marca-passo definitivo (9,1% vs. 23,2%; p < 0,001).
Não foram constatadas diferenças significativas na incidência de endocardite infecciosa, trombose protética nem na taxa de reintervenções, o que sugere uma durabilidade comparável entre os dois procedimentos aqui analisados.
Conclusão
Os pacientes com estenose aórtica severa tratados com TAVI com válvula autoexpansível supra-anular ou cirurgia apresentaram taxas similares de mortalidade por todas as causas e AVC incapacitante em 5 anos. Os achados aqui apresentados consolidam o TAVI como uma alternativa segura, efetiva e duradoura em comparação com a cirurgia, independentemente do risco cirúrgico do paciente.
Título Original: 5-Year Outcomes After Transcatheter or Surgical Aortic Valve Replacement in Low-Risk Patients.
Referência: Michael Forrest et al. Circulation, Volumen 151, 2025.
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