A avaliação das estenoses coronarianas mediante fisiologia coronariana se consolidou como uma ferramenta crucial para guiar a revascularização. As duas técnicas mais empregadas são o FFR e o índice não hiperêmico conhecido como iFR. Embora tenha sido demonstra a não inferioridade do iFR vs. o FFR a curto prazo, a evidência sobre seu desempenho a longo prazo em contextos do mundo real é escassa.
O objetivo do estudo apresentado por Götberg et al. foi avaliar os resultados clínicos em seguimento de 5 anos em pacientes submetidos a revascularização guiada por iFR vs. FFR, utilizando dados do registro sueco SWEDEHEART.
Foram analisados todos os pacientes submetidos a avaliação fisiológica (FFR ou iFR) entre 2014 e 2022. Para homogeneizar as populações, aplicou-se um emparelhamento por escore de propensão (propensity score matching) em uma proporção 2:1 (FFR:iFR). O desfecho primário foi a ocorrência de eventos cardiovasculares maiores (MACE) em 5 anos, definidos como morte por qualquer causa, infarto agudo do miocárdio ou nova revascularização.
Foram incluídos 24.623 pacientes (65,6% FFR; 34,4% iFR). O grupo iFR apresentou uma maior taxa de adiamento do tratamento (70,4% vs. 65,7%; p < 0,001). Este grupo mostrou também uma maior proporção de mulheres, tabagistas e pacientes com diabetes.
Em 5 anos não foram observadas diferenças significativas na taxa de MACE (31,3% vs. 31,9%; HRa 0,96, IC de 95%: 0,82–1,12; p = 0,60) nem em seus componentes individuais: mortalidade total, mortalidade cardiovascular, infarto ou nova revascularização.
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Também não foram identificadas diferenças entre iFR e FFR ao analisar subgrupos segundo o fato de o tratamento ter sido realizado ou adiado, tendo os resultados se mantido consistentes nas análises multivariadas e de sensibilidade.
Conclusões
Esta análise de um registro de grande relevância como é o SWEDEHEART não evidenciou diferenças significativas nos eventos cardiovasculares maiores entre as estratégias de revascularização guiadas por iFR ou FFR. Estes achados respaldam o uso clínico de ambas as modalidades fisiológicas como opções equivalentes no que se refere à eficácia e à segurança a longo prazo.
Título original: Long-Term Clinical Outcomes After IFR- vs FFR-Guided Coronary Revascularization Insights From the SWEDEHEART National Registry.
Referência: Götberg M, Berntorp K, Jeremias A, Yndigegn T, von Koch S, Linder R, Koul S, Fröbert O, Erlinge D, Mohammad MA. Long-Term Clinical Outcomes After IFR- vs FFR-Guided Coronary Revascularization: Insights From the SWEDEHEART National Registry. JACC Cardiovasc Interv. 2025 Feb 24;18(4):455-467. doi: 10.1016/j.jcin.2024.12.003. PMID: 40010917.