A exposição à radiação durante os procedimentos percutâneos constitui um problema tanto para os pacientes como para os operadores. O acesso radial é atualmente a via preferida, superando a femoral; no entanto, persiste a controvérsia, no contexto da abordagem radial, sobre qual via — esquerda ou direita — se associa a menor carga de radiação. Esta metanálise visou a comparar de maneira sistemática a exposição a raios X entre ambos os acessos durante os procedimentos coronarianos diagnósticos e terapêuticos.

O desfecho primário foi a comparação do tempo de fluoroscopia (FT) e do produto dose-área (DAP) entre LRA e RRA. Os desfechos secundários incluíram a dose-área acumulada (CAK) e a exposição à radiação pelo operador, avaliada como dose absoluta e como dose torácica normalizada por DAP.
Foi feita uma revisão sistemática conforme as recomendações PRISMA, incluindo ensaios clínicos randomizados publicados até julho de 2025. Foram analisados 19 estudos com um total de 9.443 pacientes submetidos a cinecoronariografia e/ou intervenção coronariana percutânea. dentre eles, 4.584 foram tratados por acesso radial direito e 4.607 por acesso radial esquerdo. Os ensaios foram realizados na Ásia, Europa e América do Norte, incluindo operadores com distintos níveis de experiência.
Os resultados mostraram que o acesso radial esquerdo se associou a uma redução estatisticamente significativa do tempo de fluoroscopia em comparação com o acesso radial direito (diferença média padronizada [SMD] 0,105; intervalo de confiança de 95%: 0,037–0,174; p = 0,003). Do mesmo modo, o DAP foi significativamente menor com LRA vs. RRA (SMD 0,09; intervalo de confiança de 95%: 0,016–0,163; p = 0,017).
Em contraposição, não foram observadas diferenças significativas na dose aérea acumulada entre os dois acessos (SMD 0,067; intervalo de confiança de 95%: −0,001 a 0,135; p = 0,055). No tocante à radiação recebida pelo operador, o acesso radial esquerdo se associou a uma redução significativa tanto da dose absoluta quanto da dose torácica normalizada por DAP (SMD 0,297; intervalo de confiança de 95%: 0,023–0,71; p = 0,034 e SMD 0,392; intervalo de confiança de 95%: 0,251–0,533; p < 0,001, respectivamente).
Conclusão
Esta metanálise demonstra que o acesso radial esquerdo se associa a um menor tempo de fluoroscopia, um menor produto dose-área e uma menor exposição à radiação por parte do operador em comparação com o acesso radial direito durante os procedimentos coronarianos percutâneos, sem diferenças significativas na dose aérea acumulada. Os achados aqui apresentados respaldam o LRA como uma estratégia potencialmente mais segura do ponto de vista radiológico.
Referência: Youjin Zhu, et al. Department of Cardiovascular Medicine, Institute of Cardiovascular Disease, Second Affiliated Hospital of Nanchang University, Nanchang, Jiangxi, China. Catheterization and Cardiovascular Interventions, 2025.
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