Título original: Survival After Endovascular Therapy in Patients With Type B Aortic Dissection. A Report From the International Registry of Acute Aortic Dissection (IRAD). Referência: Rossella Fattori et al. J Am Coll Cardiol Intv 2013;6:876–82.
A reparação endovascular da aorta torácica está surgindo como uma alternativa, embora a sua eficácia não foi estudada além dos 2 anos de seguimento.
Este trabalho utilizou a base de dados do registro IRAD (International Registry of Acute Aortic Dissection) para comparar os resultados a longo prazo dos pacientes com dissecação aórtica tipo B tratados em forma endovascular vs os que receberam tratamento médico somente.
O IRAD é um registro de 24 centros de referência em 12 países desenhado para fornecer informação representativa da população de pacientes com dissecação aórtica. Dos 3865 pacientes incluídos no registro entre os anos 1995 e 2012, em 1133 se diagnosticou dissecação tipo B dos quais 853 (74.8%) receberam tratamento médico e 276 (25.2%) implante de endoprótese. Os pacientes com dissecação tipo B que precisaram de cirurgia aberta durante a fase aguda (n=183, 13.6%) não foram considerados nesta análise.
Dado que não existiu randomização a uma ou outra estratégia foi utilizado um modelo multivariado com escore propensity para equiparar as diferenças basais entre ambas ramas.
A mortalidade intrahospitalar foi similar entre as duas estratégias (10.9% endoprótese vs 8.7% tratamento médico, p=0.273) do mesmo modo que em 1 ano de seguimento. Porém, aos 5 anos a mortalidade resultou significativamente menor para o tratamento endovascular (15.5% vs 29%, p=0.018). Aos 5 anos também resultou diferente o diâmetro da aorta descendente com uma média de 42 mm para os pacientes que receberam endoprótese vs 46 mm os que receberam tratamento médico somente (p=0.034).
Conclusão:
Os dados históricos deram suporte à estratégia de tratamento médico somente nos pacientes sobreviventes a uma dissecação de aorta tipo B. No registro IRAD, o subgrupo de pacientes com dissecação tipo B tratados em forma endovascular mostraram uma melhor sobrevida a 5 anos em comparação com o tratamento médico somente. Pareceria que a intervenção precoce e eletiva com implante de endoprótese fosse indicada nos pacientes com dissecação de aorta tipo B não complicada.
Comentário editorial:
Os pacientes que receberam tratamento endovascular apresentaram mais frequentemente ao ingressar sinais de má perfusão periférica (20.6% vs 4.8%; p<0.001) como também sinais de complicação como choque, hematoma periaórtico, isquemia mesentérica, isquemia espinhal, insuficiência renal aguda, etc. (61.7% vs 37.2%; p<0.001). Apesar de tudo isso, os resultados a curto prazo foram similares ao tratamento médico, e a longo prazo foram superiores. O grupo Xin Jia já tinha publicado em J Vasc Surg uma coorte similar com resultados similares, por esse motivo, o tratamento endovascular eletivo da dissecação aórtica tipo B possui cada vez mais evidencia.
SOLACI.ORG