Título original: Ischemic Outcomes After Coronary Intervention of Calcified Vessels in Acute Coronary Syndromes. Pooled Analysis From the HORIZONS and ACUITY Trials. Referência: Philippe Généreux, et al. J Am Coll Cardiol 2014;63:1845-54
A calcificação das artérias tem sido sempre um desafio e um gerador de inconvenientes durante a angioplastia coronária, mas seu impacto nas síndromes coronárias agudas não tem sido bem analisado, sendo ainda um critério de exclusão em muitos estudos randomizados.
Neste sub estudo angiográfico foram incluídos todos os pacientes que receberam angioplastia ao vaso culpado nos estudos ACUITY e HORIZON-AMI entre os quais foram observados 402 (5.9%) dos pacientes com calcificação severa, 1788 (26.1%) com calcificação moderada e 4665 (68.1%) com calcificação leve ou sem calcificação.
O desfecho final primário foi a relação entre a presença e extensão das lesões severamente calcificadas coronárias e os eventos a um ano como morte, morte cardíaca, infarto, stent trombose definitiva e revascularização da lesão.
As características basais da população foram similares com a exceção de que o grupo com lesões severamente calcificadas apresentou maior idade, insuficiência renal, angioplastia prévia e menor fração de ejeção. As lesões calcificadas foram mais frequentes no infarto com supradesnivelamento do ST.
Com respeito à angiografia basal, apresentaram lesões mais extensas, oclusões totais, lesões em bifurcação e maior presença de trombo aqueles com calcificação severa em comparação com os que apresentavam lesões com calcificação moderada, leve ou sem ela. A utilização de stents farmacológicos foi similar entre os grupos.
O resultado angiográfico entre os que apresentaram calcificação severa foi mais frequentemente sub ótimo com maior lesão residual, mis frequentemente slow flow ou no reflow, dissecações ou oclusão aguda. Na evolução a 12 meses o desfecho final primário foi maior nos que apresentaram lesões calcificadas moderadas/severas.
Na análise multivariada a presença de lesão culpada calcificada moderada a severa associou-se com trombose definitiva do stent (HR: 1.62; IC 95% 1.14 a 2.30; p=0.007) e revascularização da lesão alvo justificada por isquemia (HR: 1.44; IC 95% 1.17 a 1.78; p=0.0007).
Conclusão
As lesões com calcificação moderada/severa são relativamente frequentes nos pacientes com síndrome coronária aguda com ou sem supradesnivelamento do segmento ST e são um fator preditivo de trombose do stent e revascularização da lesão alvo a um ano.
Comentário
A calcificação severa do vaso culpado deixa em evidencia uma lesão mis complexa e com mais eventos duros no seguimento. Um dos fatores que contribui a isso, é tal vez que os stent não tenham uma correta aposição à parede vascular com o conseguinte aumento da chance de trombose e reestenose. As imagens intravasculares como o IVUS ou melhor ainda a OCT, podem nos ajudar a otimizar a angioplastia nestes pacientes.
Dr. Carlos Fava para SOLACI.ORG