Coorte com lesão de tronco de coronária esquerda do SYNTAX. Seguimento final a 5 anos.

Título original: Five-year outcomes in patients with left main disease treated with either percutaneous coronary intervention or coronary artery bypass grafting in the synergy between percutaneous coronary intervention with taxus and cardiac surgery trial. Referência: Morice MC et al. Circulation. 2014 Jun 10;129(23):2388-94.

 

Os guias atuais recomendam a cirurgia de revascularização miocárdica como a estratégia de eleição para tratar lesões do tronco da coronária esquerda (TCI), sem embargo, depois dos resultados do estudo SYNTAX, a angioplastia tem conseguido ser uma indicação classe IIA em pacientes selecionados.

O presente estudo analisa os resultados finais a 5 anos da cirurgia de revascularização miocárdica vs a angioplastia na coorte de pacientes do estudo SYNTAX com lesão do tronco da coronária esquerda.

O estudo SYNTAX randomizou 1800 pacientes com lesão de TCI ou 3 vasos a receber angioplastia (stent TAXUS eluidor de paclitaxel) ou cirurgia de revascularização miocárdica. A coorte com lesão de TCI (n=705) foi predefinida por protocolo para atingir um poder estadístico suficiente.

O end point primário foi um combinado de eventos maiores cardiovasculares e cerebrovasculares (morte, infarto, revascularização e acidente vascular cerebral) que a 5 anos não mostrou diferenças significativas entre ambas estratégias com 36.9% para angioplastia e 31% para cirurgia (HR 1.23, IC 95% 0.95 a 1.59; p=0.12).

A mortalidade resultou de 12.8% e 14.6% para angioplastia e cirurgia respectivamente (HR 0.88, IC 95%  de 0.58 a 1.32; p=0.53).

Observou-se diferença em favor da angioplastia com relação à taxa de stroke (1.5% vs 4.3%; p=0.03) e em favor da cirurgia com relação à taxa de revascularização repetida (26.7% vs 15.5%; p<0.01).

Em pacientes com escore de SYNTAX baixo ou intermediário o combinado de eventos cardiovasculares y cerebrovasculares resultou similar entre ambas estratégias ao contrário do observado em pacientes com um escore de SYNTAX alto onde a cirurgia resultou superior.

Conclusão

A 5 anos não foram observadas diferenças significativas no  combinado de eventos cardiovasculares e cerebrovasculares entre cirurgia e angioplastia para tratar pacientes com lesão de tronco de coronária esquerda e escore de SYNTAX baixo ou intermediário.

Comentário editorial

Estes resultados sugerem que a longo prazo ambas estratégias são válidas para tratar o tronco da coronária esquerda, sendo a extensão da doença no restante da árvore coronariana o que pende a  balança em favor de uma ou outra.

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