Risco ocupacional na sala de Cardiologia Intervencionista

Título original: Occupational Health Risks in Cardiac Catheterization Laboratory Workers. Referência: Maria Grazia Andreassi et al. Circ Cardiovasc Interv. 2016 Apr;9(4).

 

Lesões ortopédicas e exposição à radiação são alguns dos fatores de risco para o pessoal de uma sala de Cardiologia Intervencionista. Além disso, o potencial efeito deletério de nosso trabalho ainda não está claro em termos quantitativos.

O propósito deste trabalho foi examinar a prevalência de problemas de saúde em pessoal que trabalha em uma sala de hemodinâmica (Cardiologia Intervencionista e Eletrofisiologia) e correlacioná-los com o tempo de exposição.

Utilizou-se um questionário com informação demográfica, informação do tipo de trabalho na sala, possíveis elementos de confusão no que diz respeito ao estilo de vida, medicações e estado de saúde.

Em total foram avaliadas 746 pessoas, das quais 466 (281 homens, 44 ± 9 anos) estiveram expostas à radiação e 280 não estiveram expostas (179 homens, 43 ± 7 anos). Entre as pessoas expostas havia 218 Cardiologistas Intervencionistas e Eletrofisiologistas, 191 Enfermeiros e 57 Técnicos que tinham trabalhado uma média de 10 anos (entre 5 e 24 anos).

No grupo exposto observou-se uma taxa significativamente maior de lesões no pé (p = 0,002), lesões ortopédicas (p < 0,001), cataratas (p = 0,003) hipertensão (p = 0,02) e hipercolesterolemia (p < 0,001) comparando-se com o grupo não exposto. Além disso observou-se um claro gradiente com uma maior frequência de todos esses fatores nos Médicos expostos comparando-se com os Enfermeiros ou os Técnicos expostos.

Nos Médicos expostos o OR ajustado foi de 1,7 para hipertensão (IC 95%: 1 a 3; p = 0,05), 2,9 para hipercolesterolemia (IC 95%: 1–5; p = 0,004), 4,5 para câncer (IC 95%: 0,9 a 25; p = 0,06) e um OR de 9 para catarata (IC 95%: 2 a 41; p = 0,004).

Conclusão
Os problemas de saúde são mais frequentes no pessoal que trabalha em uma sala de Hemodinâmica comparando-se com os controles não expostos. Estes dados mostram a necessidade de divulgar mais amplamente a cultura de rádio proteção para todo o pessoal envolvido.

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