Uma análise compreensiva dos eventos cerebrovasculares ocorridos nos maiores estudos randomizados e controlados de implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) mostrou alguns dados interessantes sobre os fatores de risco associados ao AVC e ao momento em que ocorre.
No estudo realizado pelo Dr. Neal Kleiman foi revisada a taxa de AVC e seus preditores em 3.687 pacientes incluídos no CoreValve pivotal trial. A taxa de AVC um ano após o implante com a válvula autoexpansível CoreValve foi de 8,4% com quase a metade dos eventos ocorridos dentro dos primeiros 10 dias.
Em uma análise similar à anterior, o Dr. Samir Kapadia revisou a taxa de AVC em 2.621 pacientes incluídos no estudo PARTNER. A taxa de AVC para a válvula balão expansível Sapien foi de 3,3% em 30 dias (85% dos eventos ocorreram na primeira semana). Para os pacientes tratados por acesso femoral, a taxa foi de 3,8% em 30 dias, 5,4% em um ano e 6,9% em 3 anos.
O que chama a atenção é que ambos os trabalhos encontraram preditores diferentes de AVC.
Para a válvula autoexpansível CoreValve, os preditores pré-procedimento incluíram:
- AVC prévio.
- Acidente isquêmico transitório prévio.
- Doença vascular periférica.
- Baixo BMI.
- Histórico de quedas nos 6 meses prévios
Cabe o esclarecimento de que não incluiu o antecedente de cirurgia de revascularização miocárdica.
Os preditores relacionados com o procedimento foram:
- O tempo em sala.
- A utilização de marca-passo rápido na valvoplastia.
- A necessidade de reposicionar a prótese.
Para além dos 10 dias, os maiores preditores foram:
- A contextura física pequena.
- A calcificação valvular.
- O histórico de quedas.
A válvula balão expansível mostrou fatores diferentes.
- Para maior gradiente pico pré-procedimento, maior risco de AVC para o acesso femoral.
Foram fatores para o acesso transapical:
- A pós-dilatação.
- A estenose aórtica pura sem insuficiência.
- A falta de dupla antiagregação.
Para os AVCs ocorridos após os 30 dias foram fatores de risco:
- A demência.
- Menor tamanho valvular.
- Menor fração de ejeção.
- A fibrilação atrial.
Estes diferentes fatores talvez não indiquem necessariamente diferenças intrínsecas entre os dispositivos já que nenhum dos dois estudos foram bem desenhados para avaliar sistematicamente o risco de AVC. As definições foram diferentes inclusive entre ambos os trabalhos.
Nenhum destes dados contraindicaria um procedimento pelo eventual risco de AVC, e menos ainda permitem escolher entre um dispositivo ou outro.
Títulos originais: Insights into timing, risk factors, and outcomes of stroke and transient ischemic attack after transcatheter aortic valve replacement in the PARTNER trial (Placement of Aortic Transcatheter Valves) y Neurological events following transcatheter aortic valve replacement and their predictors: a report from the CoreValve trials.
Referências: Kapadia S et al. Circ Cardiovasc Interv. 2016; Epub ahead of print y Kleiman NS et al. Circ Cardiovasc Interv. 2016;Epub ahead of print.
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