É viável o Impella na ATC de alto risco?

Gentileza do Dr. Carlos Fava

angioplastia impellaOs dispositivos de assistência ventricular transitória estão avançando nas ATC de alto risco, especialmente nas que apresentam TCE não protegido com má função ventricular. No entanto, seu verdadeiro papel na atualidade não está bem estudado.

 

Neste estudo foram analisados 127 pacientes consecutivos do Registro Uspella entre os anos 2008 e 2015. Ditos pacientes apresentavam ATC de alto risco com lesão de TCE não protegido com má função ventricular. Foram excluídos da análise os que apresentavam choque cardiogênico. O dispositivo utilizado foi o Impella (Abiomed, Danvers, MA).

 

A idade dos pacientes foi de 70 anos; a maioria deles eram homens; DPOC: 22%; DBT: 48%; IAM prévio: 42%; deterioro da função renal: 25,5%; ATC prévia: 51,6%. A metade dos pacientes apresentou insuficiência cardíaca congestiva e 74% deles se encontravam na classe funcional III ou IV no momento do procedimento. 19% apresentaram síndrome coronariana aguda. A fração de ejeção (FE) foi de 28%, a pressão capilar foi de 20,5 mmHg e o índice cardíaco, de 2,3 L/min/m2. 

 

O STS de mortalidade e mobilidade foi de 3,6% e 22,6%, respectivamente. O escore de Syntax foi inferior a 22 em 18,8% dos casos, entre 23 e 32 em 37% e superior a 33 nos 44% restante dos casos.

 

O número de vasos doentes foi de 2,1/paciente. 87% apresentaram lesão distal de TCE, tendo sido realizada técnica de stent provisional em 82% dos casos. Foram implantados 2,07 ± 0,97 stents/paciente; 10% receberam ATC de 3 vasos e o escore de Syntax residual foi de 7,89. O implante do Impella foi bem-sucedido em todos os pacientes e a duração de suporte, 1,65 ± 4,69 horas.

 

A mortalidade hospitalar e em 30 dias foi de 1,43% (2 pacientes) e 2,1% (3 pacientes). O MACE em 30 dias foi de 2,36%. Não houve mortalidade relacionada ao Impella. A necessidade de realizar transfusões foi de 3,9% e somente um paciente apresentou uma complicação vascular maior que requereu cirurgia. Somente um paciente apresentou insuficiência renal aguda.

 

Conclusão

Esta importante avaliação retrospectiva do Registro Uspella mostrou a viabilidade, segurança e utilidade hemodinâmica do dispositivo Impella na ATC do TCE não protegido, com taxas aceitáveis de MACE em hospitais e em 30 dias.

 

Comentário

Este Estudo demostrou que a utilização do dispositivo Impella foi viável e segura, com bons resultados em 30 dias nas ATC de alto risco, permitindo uma revascularização com um Syntax residual inferior a 8.

 

O anteriormente dito foi factível naqueles pacientes que apresentaram um escore baixo ou intermediário. O mesmo não ocorreu com os de alto escore, já que isto representa uma das limitações da ATC na doença coronariana difusa ou com oclusões crônicas.

 

Outro dado positivo foi que as complicações vasculares maiores e a necessidade de transfusões foram muito baixas. Ainda assim, devemos reconhecer que esta tecnologia atualmente representa um alto custo e não está disponível na grande maioria dos centros do mundo.

 

 

Gentileza do Dr. Carlos Fava

 

Título original: Real-World Supported Unprotected Left Main Percutaneous Coronary Intervention With Impella Device.

Referência: Data From the USpella Registry. Theodore Schreiber. Catheterization and Cardiovascular Intervention 2017 Early View


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