Já é fato: a proteção cerebral em TAVI conseguiu demonstrar que reduz o AVC e a morte

Os eventos isquêmicos cerebrais após o implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) foram identificados como preditores independentes de morbidade e mortalidade. As novas gerações de dispositivos conseguiram diminuir em parte a taxa de eventos cerebrais, embora os mesmos continuem ocorrendo em aproximadamente 5,5% em 30 dias para os pacientes que recebem TAVI por acesso femoral.

Es un hecho: la protección cerebral en TAVI logró demostrar que reduce el stroke y la muerte

Os primeiros dispositivos de proteção cerebral tinham demonstrado diminuir somente o número e o volume de novas lesões na ressonância em populações reduzidas.

 

O estudo SENTINEL mostrou uma redução absoluta de 3,6% de AVC em 30 dias, que se correlacionou com uma redução de 42% de novas lesões na ressonância magnética.


Leia também: Estes são os preditores de trombose em plataforma bioabsorvíveis Absorb”.


Este trabalho prospectivo “all-comer” avaliou o impacto do dispositivo de proteção cerebral Claret Sentinel (Claret Medical Inc., Santa Rosa, Califórnia) em pacientes que receberam TAVI por acesso femoral e comparou-o com pacientes tratados sem proteção cerebral.

 

Foram incluídos um total de 802 pacientes consecutivos dos quais 280 receberam o dispositivo (34,9%). Para os restantes pacientes, o procedimento foi exatamente o mesmo com a exceção da proteção cerebral.

 

Realizou-se um seguimento neurológico no sétimo dia após o procedimento e o desfecho primário foi uma combinação de morte por qualquer causa e qualquer AVC. Para atenuar possíveis elementos de confusão, utilizou-se o “propensity score”.


Leia também: Uma nova oportunidade para a denervação renal”.


Ambos os filtros que conformam o dispositivo foram corretamente posicionados em 280 dos 305 pacientes nos quais se tentou implantar o dispositivo de proteção (91,8%). Com o uso da proteção cerebral, a taxa de qualquer AVC (tenha sido este impactante ou não) se reduziu significativamente de 4,6% a 1,4% (OR: 0,29, IC 95%: 0,10 a 0,93; p = 0,03) na população emparelhada com o “propensity score” (n = 560).

 

O desfecho primário ocorreu em 2,1% do grupo protegido (n = 6 de 280) vs. 6,8% (n = 19 de 280) do grupo sem proteção (p = 0,01).

 

Na análise multivariada, o escore de STS e a não utilização de proteção cerebral foram preditores de eventos.

 

Conclusão

Em pacientes que recebem TAVI por acesso femoral, o uso de proteção cerebral durante o procedimento diminuiu significativamente o risco de AVC.

 

Comentário editorial

No PARTNER 1 foi observada uma taxa de AVC de 5,5% em 30 dias comparada com 2,4% da cirurgia. Se isso não fosse melhorado, necessariamente limitaria o alcance do TAVI em populações mais jovens e de menor risco.

 

No PARTNER 2, já com uma válvula de melhor perfil, a taxa de AVC caiu a 3,2% no TAVI vs. 4,3% da cirurgia em pacientes com risco intermediário. Essa taxa ainda podia ser melhorada.

 

Este trabalho definiu seu desfecho primário dentro dos 7 dias, diferentemente dos 30 dias do SENTINEL. Um desfecho muito mais precoce tem a vantagem de cobrir os eventos periprocedimento imediatos e os relacionados com o posicionamento dos filtros, mas descarta os eventos posteriores que poderiam se relacionar com a fibrilação atrial e diluir a diferença.

 

Apesar do uso de proteção cerebral ainda se observam ocorrências de AVC e isso poderia estar relacionado com duas coisas: por um lado, todo o território da artéria vertebral esquerda não está protegido e, por outro, o filtro tem uma só medida disponível, o que significa que o mesmo poderia não se adaptar corretamente a todas as anomalias.

 

Título original: Cerebral Embolic Protection During Transfemoral Aortic Valve Replacement Significantly Reduces Death and Stroke Compared With Unprotected Procedures.

Referência: Julia Seeger et al. J Am Coll Cardiol Intv 2017, Article in press.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

Valvoplastia aórtica radial: vale a pena ser minimalista?

A valvoplastia aórtica com balão (BAV) foi historicamente empregada como estratégia de “ponte”, ferramenta de avaliação ou inclusive tratamento paliativo em pacientes com estenose...

Fibrilação atrial após oclusão percutânea do forame oval patente: estudo de coorte com monitoramento cardíaco implantável contínuo

A fibrilação atrial (FA) é uma complicação bem conhecida após a oclusão do forame oval patente (FOP), com incidência relatada de até 30% durante...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...