A doença pulmonar obstrutiva crônica é frequente nos pacientes com estenose aórtica severa que recebem implante percutâneo valvar aórtico (TAVI) ou cirurgia. De fato, a doença pulmonar é frequentemente a razão pela qual os pacientes são descartados para a cirurgia e avaliados para TAVI. Até agora não tinha sido avaliado o que ocorre com estes pacientes e se realmente eles se beneficiam com o implante valvar, já que pode haver uma significativa sobreposição de sintomas entre as duas doenças, o que faz com que não saibamos exatamente quanto contribui cada uma por separado.
A prevalência e severidade da doença pulmonar foi determinada de forma basal nos pacientes de risco alto e extremo com estenose aórtica severa que foram incluídos no CoreValve US Pivotal Trial.
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O estado clínico foi determinado com o uso do escore KCCQ-OS, tendo sido definidos como saudáveis aqueles pacientes que se encontravam vivos e com um escore ≥ 60.
Dos 1.030 pacientes estudados, constatou-se que 55% apresentavam algum grau de doença pulmonar (20% leve, 13% moderada e 22% severa). A mortalidade por qualquer causa foi maior nos pacientes com doença pulmonar moderada ou severa em um ano de seguimento pós-TAVI (19,6% com doença leve, 28,1% com doença moderada e 26,9% com doença severa vs. 19,2% para aqueles com outras comorbidades mas sem doença pulmonar: p = 0,030). O fenômeno anteriormente descrito também foi observado em 3 anos (44,8% leve, 53% moderada e 51,9% severa vs. 37,7% sem doença pulmonar; p < 0,001).
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Oitenta por cento dos pacientes experimentaram uma melhora em sua dispneia e um aumento em cerca de 20 pontos no KCCQ-OS, tanto em um quanto em três anos. Apesar da constatação anterior, somente 43,3% dos pacientes cumpriram com o critério de se encontrarem saudáveis em um ano e somente 22,5% em 3 anos.
Conclusão
A doença pulmonar de grau moderado ou severo aumentou a mortalidade pós-TAVI no seguimento de um ano e de três anos e, embora a maioria dos pacientes tenha experimentado uma melhora de sua classe funcional, somente um grupo relativamente pequeno alcançou o critério de se encontrar saudável.
Comentário editorial
A mortalidade perioperatória não se viu afetada pela doença pulmonar, mas a longo prazo o impacto é muito diferente, com mais da metade dos pacientes falecidos em 3 anos. Isso não surpreende em absoluto e era o esperável. No entanto, nenhum estudo prévio a este o tinha demonstrado em números.
Título original: Long-Term Health Benefit of TAVR in Patients With Chronic Lung Disease.
Referência: Juan A. Crestanello et al. J Am Coll Cardiol Intv 2017, article in press.
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