Após a substituição valvular aórtica a fibrose focal não se resolve, mas a fibrose difusa e a hipertrofia celular retrocedem. Como era de se esperar, esta regressão vem acompanhada com melhoras estruturais e funcionais que sugerem que o processo é dinâmico. A fibrose pode ser objetivada e quantificada com ressonância cardíaca, motivo pelo qual poderia ser um potencial objetivo terapêutico.
A hipertrofia ventricular esquerda é um processo chave de muitas cardiopatias e é resultado da hipertrofia celular e da expansão da matriz extracelular (fibrose intersticial). Este trabalho teve como objetivo investigar se a hipertrofia miocárdica e a fibrose intersticial no contexto de estenose aórtica severa são um processo dinâmico que pode se reverter.
Foram incluídos 181 pacientes sintomáticos com estenose aórtica severa (área valvar indexada de 0,4 ± 0,1 cm2/m2) que se encontravam em plano de substituição valvar. Além do ecocardiograma foram avaliados previamente ao procedimento com uma ressonância cardíaca (medição de volumes, função, fibrose focal e difusa), com biomarcadores (Pro BNP e troponina T ultrassensível) e teste da caminhada dos 6 minutos.
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A ressonância foi utilizada para medir a fração de volume extracelular e assim poder deduzir o volume de massa da matriz e do volume celular. A biópsia descartou outras doenças miocárdicas subjacentes e todas as medições voltaram a ser feitas um ano após a substituição valvar.
116 pacientes que não requereram marca-passo mostraram no seguimento de um ano uma melhora significativa do gradiente médio (48 ± 16 mmHg a 12 ± 6 mmHg; p < 0,001) e a massa ventricular diminuiu 19%, o que representa uma redução significativa. A fibrose focal na ressonância com gadolínio não se modificou, mas a fração do volume extracelular se incrementou graças a uma redução de 16% do volume da matriz e a uma redução proporcionalmente maior do volume celular.
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Todos as mudanças mencionadas vieram acompanhadas de melhora na função diastólica, diminuição dos níveis de Pro BNP, melhora do teste da caminhada dos 6 minutos e da classe funcional.
Conclusão
A fibrose difusa e a hipertrofia celular apresentam reversão após a substituição valvar, o que resulta em melhoras estruturais e funcionais.
Título original: Reverse Myocardial Remodeling Following Valve Replacement in Patients With Aortic Stenosis.
Referência: Thomas A. Treibel et al. J Am Coll Cardiol 2018;71:860–71.
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