Incidência e prognóstico de quando se produz a embolização de uma válvula

A incidência de embolização ou migração de uma válvula implantada por cateterismo é de tão somente 1%. No entanto, dita ocorrência se associa a um aumento da morbidade e da mortalidade. 

Trombólisis local en tromboembolismo pulmonar

A embolização ou migração da válvula após o implante é uma das complicações mais temidas por seu potencial para transformar o procedimento em uma catástrofe, mas pouco sabíamos de sua incidência (exceto por alguns relatos de um único centro) e – mais importante ainda – de seu impacto no prognóstico do paciente. 

Este trabalho, recentemente publicado no European Heart Journal, lança-nos algo de luz sobre este evento, já que avaliou uma grande coorte de pacientes tratados em 26 centros reconhecidos internacionalmente.  

Entre 2010 e 2017 a embolização ou migração da válvula ocorreu em 273 pacientes (0,92% de toda a coorte), dentre os quais a embolização ocorreu na aorta ascendente e em 56 no ventrículo esquerdo. O uso da prótese autoexpansível, de dispositivos de 1ª geração e as válvulas bicúspides foram os preditores independentes de embolização ou migração. 


Leia também: Tentando reduzir a insuficiência renal pós-TAVI.


As manobras de resgate para evitar uma catástrofe definitiva incluíram o uso de laços (41%), o implante de uma segunda válvula (83,2%) e a conversão a cirurgia (19%). 

Utilizando o propensity score foi possível emparelhar em uma razão de 1:4 uma coorte de 235 pacientes que apresentaram embolização e uma coorte de 932 pacientes que não apresentaram embolização. Na coorte que apresentou embolização observou-se um aumento da mortalidade por qualquer causa em 30 dias (18,6% vs. 4,9%; p < 0,001) e em um ano (30,5% vs. 16,6%; p < 0,001). Algo similar ocorreu com o AVC em 30 dias (10,6% vs. 2,8%; p < 0,001), mas dita diferença não se manteve em um ano.

A necessidade de suporte cardiovascular de emergência, o AVC maior em 30 dias e a injúria renal aguda incrementam o risco de mortalidade em um ano, ao passo que uma boa função renal basal foi protetora. 

Conclusão

A embolização ou migração de uma válvula implantada por cateterismo tem uma incidência de aproximadamente 1% e está associada a um aumento significativo da morbidade e da mortalidade. 

Título original: Incidence and outcome of peri-procedural transcatheter heart valve embolization and migration: the TRAVEL registry (TranscatheteR HeArt Valve EmboLization And Migration).

Referência: Won-Keun Kim et al. European Heart Journal (2019) 40, 3156–3165.



Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

Valvoplastia aórtica radial: vale a pena ser minimalista?

A valvoplastia aórtica com balão (BAV) foi historicamente empregada como estratégia de “ponte”, ferramenta de avaliação ou inclusive tratamento paliativo em pacientes com estenose...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...