Valor prognóstico de disfunção microvascular estrutural e funcional em pacientes com doença coronariana não obstrutiva

A disfunção coronariana microvascular (CMD) é um importante fator que intervém no desenvolvimento de síndromes anginosas. Entre os pacientes com angor e doença coronariana não obstrutiva com CMD, foram identificados dois padrões usando-se a resistência microvascular mínima: CMD estrutural e CMD funcional. 

Valor pronóstico de disfunción microvascular estructural y funcional en pacientes con enfermedad coronaria no obstructiva

A CMD estrutural está caracterizada por diminuição da reserva de fluxo coronariano (CFR) em presença de resistência microvascular aumentada. Este subtipo representa mudanças na microvasculatura como obliteração arteriolar que melhora sob condições de máxima vasodilatação. 

No entanto, a CMD funcional está caracterizada por CFR diminuída com resistência microvascular normal ou diminuída. Isso se relaciona com um aumento da demanda de oxigênio pelo miocárdio ou alteração na autorregulação coronariana. A relevância prognóstica destes dois subtipos de CMD ainda não foi avaliada. 

O objetivo deste Registro ILIAS (multicêntrico, retrospectivo) foi avaliar o impacto prognóstico do CMD estrutural vs. o CMD funcional em pacientes com doença coronariana não obstrutiva. 

Foram analisados 1102 pacientes. A idade média foi de 63 anos e 69% eram homens. A artéria mais analisada foi a artéria descendente anterior seguida da artéria circunflexa. Os pacientes foram classificados em 4 grupos baseados na CFR (valor de corte < 2,5) e na resistência microvascular em baixa e alta (segundo o índice de resistência microvascular, IMR, e a resistência microvascular em hiperemia, HMR). 

Leia também: IN.PACT Global: seguimento de pacientes “da vida real” em território Fêmoro-poplíteo.

Em relação aos resultados, os valores de CFR anormal estiveram associados a um aumento de risco de MACE e de falha do vaso tratado (TVF) em 5 anos, independentemente do valor de resistências microvasculares obtidas. Entretanto, os valores de resistência microvascular anormais não estiveram associados a aumento de MACE e TVF. Finalmente, não houve diferenças entre valores normais ou anormais de resistência microvascular em pacientes com CRM normal. 

Conclusão

A CMD, representada como uma diminuição de CFR, esteve associada a um incremento de MACE e de TVF no seguimento de 5 anos. Ao contrário, a resistência microvascular não apresentou associação com eventos clínicos adversos. Em pacientes com CMD não houve diferenças significativas em termos de MACE e de TVF entre a CMD estrutural e a CMD funcional. 

Dr. Andrés Rodríguez

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Prognostic value of structural and functional coronary microvascular dysfunction in patients with non-obstructive coronary artery disease; from the multicentre international ILIAS registry.

Referência: Coen K.M. Boerhout et al EuroIntervention 2022;18.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Mais artigos deste autor

Doença de tronco da coronária esquerda: ATC guiada por imagens intravasculares vs. cirurgia de revascularização miocárdica

Múltiplos ensaios clínicos randomizados demonstraram resultados superiores da cirurgia de revascularização coronariana (CABG) em comparação com a intervenção coronariana percutânea (ATC) em pacientes com...

AHA 2025 | TUXEDO-2: manejo antiagregante pós-PCI em pacientes diabéticos multivaso — ticagrelor ou prasugrel?

A escolha do inibidor P2Y12 ótimo em pacientes diabéticos com doença multivaso submetidos a intervenção coronariana percutânea (PCI) se impõe como um desafio clínico...

AHA 2025 | DECAF: consumo de café vs. abstinência em pacientes com FA — recorrência ou mito?

A relação entre o consumo de café e as arritmias tem sido objeto de recomendações contraditórias. Existe uma crença estendida de que a cafeína...

AHA 2025 | Estudo OCEAN: anticoagulação vs. antiagregação após ablação bem-sucedida de fibrilação atrial

Após uma ablação bem-sucedida de fibrilação atrial (FA), a necessidade de manter a anticoagulação (ACO) a longo prazo continua sendo incerta, especialmente considerando que...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...