Resultados alentadores do fluxo quantitativo em 2 anos

A avaliação funcional das lesões coronarianas mediante fluxo fracionado de reserva (FFR) ou o período instantâneo livre de ondas (iFR) demonstraram benefício em termos de melhora dos sintomas e resultados clínicos no seguimento de pacientes com doença coronariana estável. No entanto, essas ferramentas que são recomendadas pelas diretrizes atuais geram maior complexidade, risco e custo do procedimento.  

Resultados alentadores a 2 años del índice de flujo cuantitativo 

É por isso que foi desenvolvido o índice de fluxo quantitativo (QFR), que foi validado com boa reprodutibilidade e precisão com o FFR. O estudo FAVOR III China demonstrou, em seguimento de um ano, a melhora nos resultados clínicos após uma ATC quando utilizado QFR vs. angiografia convencional. 

O objetivo deste estudo foi determinar se o benefício do QFR persiste em 2 anos, particularmente para pacientes nos quais dito índice gerou a alteração da estratégia de revascularização. 

O desfecho primário (DP) foi definido como eventos cardiovasculares maiores (MACE), por sua vez definidos como morte por todas as causas, IAM ou revascularização guiada por isquemia. O desfecho secundário (DS) incluiu MACE sem IAM periprocedimento, tempo de procedimento, quantidade de contraste, mudança de estratégia em ATC e custo-efetividade. 

Foram randomizados 3825 pacientes, 1913 dos quais ficaram no grupo guiado por QFR e 1912 no grupo guiado por angiografia. A idade média foi de 62 anos. A forma de apresentação mais frequente foi a angina instável (58%). O escore de SYNTAX médio foi de 9,5. A estratégia de revascularização foi modificada em 23% dos pacientes no grupo QFR e em 6% no grupo angiografia convencional (p = 0,0001) devido ao fato de o tratamento diferir naqueles pacientes nos quais originalmente se formulou a realização de ATC (19,6% vs. 5,2%, respectivamente; p < 0,0001) e ATC não planejada naqueles em que não tinha sido planejado dito procedimento (4,4% vs. 1,5%, respectivamente; p < 0,0001). 

Leia também: Pacientes com MINOCA do estudo Ischemia.

O DP do seguimento de 2 anos foi 8,5% no grupo QFR vs. 12,5% no grupo angiografia convencional (HR 0,66, 95%; CI: 0,54-0,81; p < 0,0001). A diferença foi impulsionada pela menor taxa de IAM (p = 0,0002) e menor taxa de revascularização guiada pela clínica (p = 0,02) no grupo QFR. A taxa de MACE sem IAM periprocedimento também foi menor no grupo QFR (5,8% vs. 8,8%; p = 0,0004).

Nos pacientes nos quais foi modificada a estratégia de intervenção observou-se uma maior redução relativa de MACE, com melhores resultados em pacientes com lesões que devido ao resultado do QFR foram diferidas. 

Conclusão

A seleção da lesão guiada pelo valor do QFR melhorou, em seguimento de dois anos, resultados clínicos em comparação com a angiografia convencional. O benefício foi mais pronunciado naqueles pacientes nos quais o valor do QFR mudou a estratégia de revascularização. 

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Angiographic Quantitative Flow Ratio-Guided Coronary Intervention: Two-Year Outcomes of the FAVOR III China Trial.

Referência: Lei Song, MD, et al Journal of the American College of Cardiology (2022).


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Mais artigos deste autor

Doença de tronco da coronária esquerda: ATC guiada por imagens intravasculares vs. cirurgia de revascularização miocárdica

Múltiplos ensaios clínicos randomizados demonstraram resultados superiores da cirurgia de revascularização coronariana (CABG) em comparação com a intervenção coronariana percutânea (ATC) em pacientes com...

AHA 2025 | TUXEDO-2: manejo antiagregante pós-PCI em pacientes diabéticos multivaso — ticagrelor ou prasugrel?

A escolha do inibidor P2Y12 ótimo em pacientes diabéticos com doença multivaso submetidos a intervenção coronariana percutânea (PCI) se impõe como um desafio clínico...

AHA 2025 | DECAF: consumo de café vs. abstinência em pacientes com FA — recorrência ou mito?

A relação entre o consumo de café e as arritmias tem sido objeto de recomendações contraditórias. Existe uma crença estendida de que a cafeína...

AHA 2025 | Estudo OCEAN: anticoagulação vs. antiagregação após ablação bem-sucedida de fibrilação atrial

Após uma ablação bem-sucedida de fibrilação atrial (FA), a necessidade de manter a anticoagulação (ACO) a longo prazo continua sendo incerta, especialmente considerando que...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...