A doença arterial periférica gera grande limitações na qualidade de vida dos pacientes. Em um estágio mais avançado como a isquemia crítica de membros inferiores (ICMI) pode levar a um risco amplificado de eventos cardiovasculares maiores, bem como a eventos relacionados com o membro (amputação ou nova revascularização), motivo pelo qual o tratamento com revascularização é fundamental em ditos casos.
A calcificação é um dos preditores de falha na revascularização, motivo pelo qual ao longo dos anos foram sendo desenvolvidas tecnologias relacionadas com seu tratamento. Embora ainda não tenha sido evidenciada a diminuição de desfechos clínicos duros como estratégias como a aterectomia, seu uso permite a preparação do vaso e a implementação de balões (planos ou com drogas) ou ainda a colocação de stents.
Nos Estados Unidos observou-se uma demanda maior dos dispositivos de aterectomia, tanto para pacientes hospitalizados como ambulatoriais (sobretudo neste último grupo), o que torna fundamental ter dados sobre a segurança de seu uso.
O grupo de Krawisz et al. realizou um estudo com o objetivo de avaliar a segurança e a efetividade a longo prazo da aterectomia nas intervenções vasculares periféricas de território femoropoplíteo.
Foram incluídos pacientes com doença femoropoplítea, com mais de 66 anos, de uma coorte contemporânea (2015-2018) registrados no Medicare. O desfecho primário (DP) foi a presença de eventos maiores relacionados ao membro (MALE) e uma combinação de mortalidade por todas as causas e amputação.
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A coorte incluiu 168.553 pacientes, sendo usado algum tipo de aterectomia em 35,1% dos casos (n = 59.142). A idade média foi de 77 ± 7,6 anos, com 44,9% de população do sexo feminino, 46,7% dos pacientes apresentaram ICMI, 7,9% apresentavam uma amputação prévia e 49% eram tabagistas ativos.
O seguimento médio foi de 993 dias e na análise não ajustada a aterectomia se associou a menor risco de MALE (HR 0,89, IC 95% 0,86-0,92; p ≤ 0,01) e menor risco da combinação de mortalidade e amputação (HR 0,88, IC 95% 0,87-0,90; p < 0,01). Ao realizar o ajuste de variáveis, não foram observadas diferenças significativas no uso de aterectomia com relação aos eventos. Por sua vez, observou-se menor risco de amputação (aHR 0,94, IC 95% 0,91-0,97; p < 0,01) e de revascularização cirúrgica (aHR 0,89, IC 95% 0,86-0,92; p < 0,01).
Conclusões
Nesta análise sobre beneficiários do Medicare dos Estados Unidos que tinham sido submetidos a aterectomia do território femoropoplíteo, observou-se que a revascularização periférica com essa técnica de modificação de placa não apresentou maior risco de mortalidade ou eventos adversos do membro afetado. O estudo tem as limitações de ser uma análise retrospectiva, o que torna indispensável a realização de estudos randomizados nesses pacientes.
Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Long-term outcomes of peripheral atherectomy for femoropopliteal endovascular interventions.
Referência: Krawisz, Anna K et al. “Long-term outcomes of peripheral atherectomy for femoropopliteal endovascular interventions.” EuroIntervention : journal of EuroPCR in collaboration with the Working Group on Interventional Cardiology of the European Society of Cardiology, EIJ-D-22-00609. 14 Nov. 2022, doi:10.4244/EIJ-D-22-00609.
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