Atualmente o TAVI é uma alternativa válida em diferentes grupos de risco de pacientes com estenose aórtica severa.
Entre as diferentes válvulas há dois tipos – uma autoexpansível (SEV) e a outra balão-expansível (BEV) – que são as que foram mais implantadas e analisadas em diferentes estudos randomizados nos diferentes grupos de risco. Estes dois grupos de válvulas apresentaram diferentes gerações.
Dispomos na atualidade de pouca informação sobre essas válvulas para conhecer seu perfil de eficácia e segurança de forma comparada.
Fez-se uma análise do Registro OPERA-TAVI na qual foi comparada a evolução dos pacientes com estenose aórtica severa que foram submetidos a TAVI com SEV (EVOLUT PRO) vs. BEV (Sapien 3 ULTRA).
Foram incluídos 3094 pacientes, mas se dispunha de todos os dados para a análise de 2241 (SEV = 1329 – 59.3% – e BEV = 941).
Os desfechos foram a eficácia e a segurança precoce dos dispositivos em 30 dias.
Devido às diferenças entre as populações, fez-se um propensity score match, ficando 683 pacientes em cada grupo.
A idade foi de 81 anos, 54% da população estava composta por mulheres, 86% tinha hipertensão, 30% tinha diabete, 10% apresentava deterioração da função renal, 10% infarto, 6,5% CRM, 25% fibrilação atrial, 7% BCRD e o STS foi de 3,3%.
A função sistólica estava conservada, a AVAO era de 0,7 cm2 e o gradiente médio de 43 mmHg.
Os pacientes que receberam SEV apresentaram maior “oversizing”, pré-dilatação e pós-dilatação.
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Em 30 dias não houve diferenças no desfecho de eficácia (SEV: 87,4% vs. BEV: 85,9%; p = 0,47), mas o desfecho de segurança precoce em 30 dias foi favorável às BEV (SEV = 69,1% vs. BEV = 82,6%; p < 0,01). Além disso, não houve diferenças em termos de mortalidade por qualquer causa, AVC não incapacitante, infarto e re-hospitalização por insuficiência cardíaca, mas as SEV apresentaram mais AVC incapacitante (2,3% vs. 0,7%; p = 0,03) e maior necessidade de implante de marca-passo definitivo (SE = 17,9% vs. BE = 10,1%; p < 0,01).
As SEV evidenciaram menor gradiente médio (17,9% vs. 10,1%; p < 0,01), menor presença de gradiente médio > 20 mmHg (1,0% vs. 8,3%; p < 0,01) e regurgitação paravalvar (42,7% vs. 22,5%; p < 0,01) e não houve diferença em termos de regurgitação paravalvar moderada ou severa (3,2% vs. 2.3%; p = 0,41).
Conclusão
O registro OPERA-TAVI mostrou que as SEV e as BEV apresentam uma taxa de sucesso comparável de acordo com o Valve Academic Research Consortium-3, mas que as BEV têm uma taxa mais alta de segurança precoce. As SEV apresentam maior necessidade de implante de marca-passo e maior taxa de AVC incapacitante, que condicionam o desfecho composto.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Transcatheter Aortic Valve Replacement With the Latest-Iteration Self-Expanding or Balloon-Expandable Valves. The Multicenter OPERA-TAVI Registry.
Referência: Giuliano Costa,et al. J Am Coll Cardiol Intv 2022;15:2398–2407.
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