A disfunção microvascular coronariana (CMD) é cada vez mais reconhecida como uma sequela comum do IAMCEST. Sua presença explica, parcialmente, a persistência de sintomas anginosos em mais de 50% dos pacientes após uma ATC primária, apesar de uma reperfusão bem-sucedida da artéria coronária epicárdica. Além disso, a CMD se associou de forma independente a uma pior recuperação da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE), o que implica um pior prognóstico, incluindo eventos recorrentes, insuficiência cardíaca e hospitalizações.
O diagnóstico de CMD continua sendo, no entanto, de difícil realização. Embora tenham sido propostos vários métodos para avaliar a circulação microvascular, muitos deles, devido à sua complexidade, não são práticos fora do âmbito da pesquisa clínica. Uma boa notícia é que foi desenvolvida uma forma de medir a resistência microvascular por meio da reserva de resistência microvascular (MRR). Para identificar a presença de CMD, o valor significativo de MRR é considerado como inferior a 3,0. Dita ferramenta foi validada em síndromes coronarianas crônicas, mas não em pacientes com síndrome coronariana aguda.
O objetivo deste estudo prospectivo, observacional e de coortes foi investigar a prevalência de CMD em pacientes com IAMCEST três meses após a ATC primária e avaliar o rendimento prognóstico de vários parâmetros, especialmente a MRR.
O desfecho primário (DP) foi a incidência em seguimento de 12 meses de eventos adversos cardiovasculares e cerebrovasculares maiores (MACCE), definidos como morte por todas as causas, IAM, revascularização, acidente vascular cerebral (hemorrágico ou isquêmico) e hospitalização por insuficiência cardíaca. O desfecho secundário (DS) incluiu os componentes individuais do DP e a deterioração da função ventricular em 12 meses.
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Foram incluídos 210 pacientes com IAMCEST. A idade média foi de 65 anos e a maioria da população estava composta por homens. A prevalência do sexo feminino e a presença de diabetes foram maiores nos pacientes com CMD. No tocante ao DP, a ocorrência de MACCE em 12 meses foi mais frequente em pacientes com CMD do que naqueles sem CMD (48,2% vs. 11,0%; p < 0,001). A MMR se associou de forma independente à ocorrência de MACCE em 12 meses (HR: 0,45; IC de 95%: 0,31-0,67; p < 0,001) e de acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e pior recuperação a função sistólica do ventrículo esquerdo. No que diz respeito ao rendimento prognóstico, a reserva de fluxo coronariano (CFR), o índice de resistência microvascular e a MRR foram similares.
Conclusão
Em síntese, este estudo mostrou que a MRR é um marcador prognóstico de MACCE em pacientes com IAMCEST, com um rendimento prognóstico similar ao da CFR e do IMR. São necessários estudos randomizados multicêntricos com seguimento a longo prazo para consolidar os achados aqui relatados.
Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: The Impact of Microvascular Resistance Reserve on the Outcome of Patients With STEMI.
Referência: Tsung-Ying Tsai, MD et al J Am Coll Cardiol Intv 2024.
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