Stents de hastes ultrafinas vs. stents de hastes finas em pacientes com alto risco de sangramento que são submetidos a angioplastia coronariana

Vários estudos in vivo demonstraram que os stents com hastes ultrafinas apresentam um menor risco trombogênico do que os stents com hastes finas, o que se reflete em menores taxas de falha da lesão tratada. Não dispomos, no entanto, de dados similares para os stents ultrafinos em pacientes com alto risco hemorrágico (HBR) que recebem tratamento com dupla antiagregação plaquetária (DAPT) durante e depois da angioplastia transluminal coronariana. 

Por essa razão, foi desenhado o estudo randomizado COMPARE 60/80 HBR, que compara o stent Supraflex Cruz de 60 mícrons com o stent Ultimaster de 80 mícrons. O stent Ultimaster foi selecionado devido a seu uso no ensaio MASTER-DAPT (Management of High Bleeding Risk After Polymer Bioabsorbable Stent Implantation with an Abbreviated DAPT Regimen), que demonstrou segurança e eficácia de um regime abreviado de DAPT em pacientes com alto risco hemorrágico submetidos a ATC. 

O objetivo principal deste estudo randomizado e de não inferioridade foi avaliar a segurança e a efetividade do stent Supraflex com hastes ultrafinas vs. os stents Ultimaster de hastes finas em pacientes com HBR tratados com DAPT de curta duração. 

O desfecho primário (DP) incluiu eventos clínicos adversos puros (NACE, por suas siglas em inglês), definidos como uma combinação de morte cardiovascular, infarto agudo do miocárdio (IAM), revascularização do vaso tratado, acidente vascular cerebral (AVC) e hemorragia maior. 

Leia também: Tromboaspiração fracassada e perfusão miocárdica reduzida em pacientes com IAMCEST e alta carga trombótica.

Foram incluídos um total de 732 pacientes, dentre os quais 368 foram randomizados ao grupo Supraflex Cruz e 364 ao grupo Ultimaster. A idade média foi de 75 anos e a maioria dos pacientes eram homens. A indicação principal para a ATC foi a síndrome coronariana crônica (69,8%). Em um ano de seguimento, o DP foi observado em 15,4% dos pacientes do grupo Supraflex, em comparação com 17,1% do grupo Ultimaster (diferença de risco: −1,65%; limite superior de IC de 95% unilateral: 3,74; P = 0,02 para não inferioridade com um nível de significância de 0,025, e P = 0,55 para superioridade bilateral com um nível de significância de 0,05).

Conclusão

Em pacientes com HBR submetidos a ATC com um regime abreviado de DAPT, o uso de stents ultrafinos eluidores de sirolimus Supraflex Cruz foi não inferior em termos de eventos clínicos adversos puros (NACE) em 12 meses em comparação com os stents eluidores de sirolimus de hastes finas Ultimaster. 

Título Original: Comparison of Ultrathin- Versus Thin-Strut Stents in Patients With High Bleeding Risk PCI: Results From the COMPARE 60/80 HBR Trial: An Open-Label, Randomized, Controlled Trial.

Referência: Pieter C. Smits et al Circ Cardiovasc Interv. 2024;17:e014042.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Dr. Andrés Rodríguez
Dr. Andrés Rodríguez
Membro do Conselho Editorial da solaci.org

Mais artigos deste autor

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Perfurações coronarianas e o uso de stents recobertos: uma estratégia segura e eficaz a longo prazo?

As perfurações coronarianas continuam sendo uma das complicações mais graves do intervencionismo coronariano (PCI), especialmente nos casos de rupturas tipo Ellis III. Diante dessas...

Doença de tronco da coronária esquerda: ATC guiada por imagens intravasculares vs. cirurgia de revascularização miocárdica

Múltiplos ensaios clínicos randomizados demonstraram resultados superiores da cirurgia de revascularização coronariana (CABG) em comparação com a intervenção coronariana percutânea (ATC) em pacientes com...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...