A estenose aórtica severa em mulheres apresenta características particulares com respeito aos homens, como uma menor prevalência de doença coronariana. Contudo, as mulheres estiveram sub-representadas em muitas análises clínicas e, especialmente nos inícios do TAVI, foram associadas a uma maior incidência de complicações vasculares e mortalidade.

Atualmente, a evidência disponível sobre qual é a melhor estratégia terapêutica para nesse grupo – TAVI ou substituição valvar aórtica cirúrgica (SVAR) – é limitada.
Foi feita uma análise combinada dos estudos RHEIA e PARTNER 3 com foco em mulheres com estenose aórtica severa que receberam tratamento com TAVI ou SVAR, incluindo um total de 712 pacientes mulheres, dentre as quais 376 foram tratadas com TAVI.
Foram excluídas aquelas mulheres com estenose aórtica unicúspide ou bicúspide, bem como como aqueles que apresentavam anatomia coronariana complexa ou que, por questões anatômicas, não eram candidatas a TAVI nem a SVAR.
No caso do TAVI foram empregadas válvulas balão-expansíveis SAPIEN 3 ou SAPIEN 3 ULTRA.
O desfecho primário (DP) de ambos os estudos foi uma combinação de mortalidade por qualquer causa, acidente vascular cerebral (AVC) ou re-hospitalização em um ano de seguimento.
Leia também: Estudio RHEIA: estenose aórtica severa em mulheres: TAVI vs. SAVR.
As populações estiveram bem balanceadas: a idade média foi de 73 anos, o STS de mortalidade foi de 2,1%, o EuroSCORE II foi de 1,7%. A prevalência de fibrilação atrial foi de 7%, a de doença coronariana foi de 16%, a ocorrência de AVC prévio foi de 4,5%, de doença vascular periférica de 4,5%, DPOC de 4%, diabetes de 25% e marca-passo definitivo de 2,5%.
O DP do seguimento de um ano favoreceu o TAVI: 8,5% vs. 16,8% (diferença absoluta: 8,2%; IC de 95%: 13,1% a 3,3%; p < 0,001). Não foram observadas diferenças significativas em termos de mortalidade nem de AVC, embora tenha se evidenciado uma maior taxa de re-hospitalização no grupo SVAR: 5,4% vs. 11,9% (diferença absoluta: 6,5%; IC de 95%: 10,7% a 2,3%; p = 0,002).
A necessidade de marca-passo foi baixa em ambos os grupos, tanto em 30 dias quanto em 1 ano.
O TAVI se associou com uma maior incidência de sangramento, mas com menor frequência de fibrilação atrial. Não foram registradas diferenças significativas no tocante à insuficiência renal.
Conclusão
Em mulheres com estenose aórtica severa sintomática, o TAVI demonstrou uma redução significativa na taxa combinada de mortalidade por qualquer causa, AVC ou re-hospitalização em um ano, fundamentalmente devido a uma menor taxa de re-hospitalizações em comparação com a cirurgia.
Título Original: Aortic Valve Replacement in Women A Pooled Analysis of the RHEIA and PARTNER 3 Trials VOL. 18, NO. 12, 2025.
Referência: Helene Eltchaninoff, et al. JACC Cardiovasc Interv. 2025;18:1540–1553.
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