As bifurcações coronarianas constituem um dos cenários mais desafiadores da angioplastia coronariana (PCI) por motivos que se relacionam com sua complexidade anatômica, com o risco de deslocamento da carina e com a maior incidência de eventos adversos a longo prazo em comparação com as lesões no bifurcadas.

A estratégia provisional com implante de stent no vaso principal continua sendo a opção de escolha segundo os consensos internacionais, como o do European Bifurcation Club (EBC). No entanto, persistem indagações sobre a melhor maneira de otimizar o tratamento do comprometimento do ramo lateral. Em tal contexto, o uso de balões eluidores de fármacos (DCB) surgiu como uma alternativa fisiológica, com a hipótese de reduzir a reestenose e simplificar o procedimento.
O estudo de Corballis N. et al. comparou os resultados de uma estratégia baseada exclusivamente em DCB vs. o implante de stents eluidores de fármacos (DES) de segunda geração em lesões de bifurcação de novo. Mediante uma análise retrospectiva com emparelhamento por escore de propensão, foi avaliada a incidência do desfecho composto recomendado pelo Bif-ARC: morte cardiovascular, infarto do miocárdio relacionado com a bifurcação (TB-MI) e revascularização clinicamente indicada do segmento bifurcado (TBR).
Foram incluídos todos os pacientes tratados por uma bifurcação segundo a definição EBC-ARC (ramo lateral ≥ 2 mm). O acompanhamento máximo chegou aos cinco anos, configurando a série com os dados clínicos mais prolongados disponíveis nesse cenário.
Em total, foram analisados 2052 casos emparelhados, sendo a idade média de 68 anos, com 19% de mulheres e incluindo todas as apresentações clínicas, com 26% de STEMI em ambos os grupos. A mediana de seguimento foi de 3,6 anos, com dados disponíveis até os 5 anos em 48,8% da coorte. A utilização de imagens intravasculares foi baixa (≈3% entre IVUS e OCT).
Na análise emparelhada, o desfecho primário ocorreu com menor frequência no grupo DCB do que no grupo DES (9,9% vs. 14,0%; HR: 1,39 para DES vs. DCB; IC de 95%: 1,08–1,79; p = 0,01). Dita diferença foi impulsionada principalmente por uma menor taxa de TBR (5,0% vs. 8,9%; HR: 1,79; IC de 95%: 1,27–2,50; p < 0,001) e uma menor incidência de TB-MI (1,6% vs. 3,0%; HR: 1,92; IC de 95%: 1,05–3,57; p = 0,03), sem diferenças significativas em termos de mortalidade cardiovascular (HR: 0,94; IC de 95%: 0,65–1,37; p = 0,75).
Conclusões
Nesta coorte contemporânea com um seguimento adequado e baixa inclusão de doenças de tronco da coronária esquerda (≈5%), a comparação retrospectiva entre estratégias mostrou resultados clinicamente relevantes a favor do DCB, com menor necessidade de revascularização alvo e menor incidência de TB-MI até cinco anos.
Título original: A Comparison of a Drug Coated Balloon With Drug Eluting Stent Strategy for Treating Coronary Bifurcation Lesions.
Referência: Corballis N, Merinopoulos I, Bhalraam U, Gunawardena T, Tsampasian V, Natarajan R, Wickramarachchi U, Mohamed M, Clark A, Mamas MA, Vassiliou VS, Eccleshall S; SPARTAN‐Norfolk Consortium. A Comparison of a Drug Coated Balloon With Drug Eluting Stent Strategy for Treating Coronary Bifurcation Lesions. Catheter Cardiovasc Interv. 2025 Oct 28. doi: 10.1002/ccd.70273. Epub ahead of print. PMID: 41147211.
Subscreva-se a nossa newsletter semanal
Receba resumos com os últimos artigos científicos





