Angioplastia complexa com assistência ventricular

Título original: Real-Word of the Impella 2.5 Circulatory Support System in Complex High-Risk Percutaneous Coronary Intervention: The USpella Registry Referência: Brijeshwar maini, et al. Catheterization and Cardiovscular Intervention

Há cerca de uma década começaram a ser realizadas angioplastias em pacientes cada vez mais complexos, como aqueles com lesão de tronco de coronária esquerda, lesão de três vasos, má função ventricular e os descartados de cirurgia. Um dispositivo de assistência ventricular poderia melhorar os resultados nesse grupo específico de pacientes. 

O objetivo desse registro prospectivo, que incluiu 175 pacientes de 18 centros, foi avaliar os resultados da angioplastia coronariana de alto risco com a utilização do sistema de assistência ventricular Impella 2.5 (Abiomed, Danvers, MA, EUA).

Foram considerados de alto risco aqueles que apresentaram má função ventricular esquerda, anatomia coronariana complexa e/ou comorbidades graves. 

Foram excluídos os pacientes que apresentam infarto com supradesnivel do segmento ST ou choque cardiogênico e os que apresentaram contraindicações para o uso do dispositivo (trombo em ventrículo esquerdo, válvula aórtica mecânica ou doença vascular periférica grave).

O acompanhamento foi realizado após 30 dias e após 12 meses. O desfecho primário foi o MACE (morte, infarto, revascularização, cirurgia cardíaca ou periférica, AVC ou ataque isquêmico transitório) em 30 dias e o desfecho secundário foi de segurança (lesões na válvula aórtica ou mitral, deterioração da função renal, hemorragia que exija cirurgia ou transfusão, hipotensão, hemólise, infecção, mau funcionamento do dispositivo, hematoma femoral >4 cm e complicações vasculares)

O dispositivo foi implantado antes da angioplastia nesta população com características de alto risco como média de idade de 74 anos, 47% diabéticos, 33% insuficiência renal, 30% infarto anterior, 69% com fração de ejeção <35%, 66% com insuficiência cardíaca CF III-IV, 89% com doença de múltiplos vasos e 56% com lesão grave de TCI não protegido. O SYNTAX Score foi 37±16, STS mortalidade 6±6% e o STS de morbidade de 31±16%. Dos pacientes, 66% foram descartados para cirurgia.

O desfecho primário MACE em 30 dias foi de 8% (morte 4%, IAM 1.1%, AVC 0.6%,  revascularização 0.6% e cirurgia cardiovascular ou periférica de emergência 1.7%). Em 6 meses e 12 meses a sobrevida foi, respectivamente, de 91% e 88%. 

Os desfechos secundários de segurança foram: insuficiência renal 2.8%, hemorragia vascular que requer cirurgia 0.6%, hipotensão 3.4%, TV o RCP 2.8%, complicações vasculares 3.4%, não houve hemólise, dano da válvula aórtica, mitral nem mau funcionamento do Impella.

Conclusão: 

O uso do Impella 2.5 na angioplastia de alto risco foi viável e seguro no mundo real, sendo favorável no curto e médio prazo.

Comentário editorial: 

Nesta análise não foram incluídos os pacientes de urgência (IAM com supradesnivel do segmento ST e choque cardiogênico) nos quais poderia ter sido interessante utilizar o dispositivo. O desenvolvimento de novos dispositivos mais eficazes e fármacos melhores seguramente atuarão de maneira positiva na evolução dos procedimentos de alto risco.

Costesia do Dr. Calos Fava
Cardiologista Intervencionista.
Fundaciòn Favaloro – Argentina

Dr. Carlos Fava para SOLACI.ORG

Mais artigos deste autor

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

Doença de tronco da coronária esquerda: ATC guiada por imagens intravasculares vs. cirurgia de revascularização miocárdica

Múltiplos ensaios clínicos randomizados demonstraram resultados superiores da cirurgia de revascularização coronariana (CABG) em comparação com a intervenção coronariana percutânea (ATC) em pacientes com...

Valvoplastia aórtica radial: vale a pena ser minimalista?

A valvoplastia aórtica com balão (BAV) foi historicamente empregada como estratégia de “ponte”, ferramenta de avaliação ou inclusive tratamento paliativo em pacientes com estenose...

AHA 2025 | TUXEDO-2: manejo antiagregante pós-PCI em pacientes diabéticos multivaso — ticagrelor ou prasugrel?

A escolha do inibidor P2Y12 ótimo em pacientes diabéticos com doença multivaso submetidos a intervenção coronariana percutânea (PCI) se impõe como um desafio clínico...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...