Mais evidência para os balões farmacológicos na região femoropoplítea

Título Original: 2-Year Results of Paclitaxel-Eluting Balloons for Femoropopliteal Artery Disease. Evidence From a Multicenter Registry. Referência: Antonio Micari et al. J Am Coll Cardiol Intv 2013;6:282–9.

Os balões eluidores de paclitaxel parecem seguros e efetivos para tratar lesões ateroscleróticas na região femoropoplítea deixando o stent só como uma estratégia de resgate diante de um resultado sub-ótimo. Porém a grande maioria da informação disponível está baseada em resultados angiográficos em 6 meses e não existem dados sobre a permeabilidade primária a longo prazo ou com resultados clínicos. Este é um registro prospectivo e multicêntrico para avaliar os resultados da angioplastia na região femoropoplítea com o balão eluidor de paclitaxel In.Pact Admiral (Medtronic, Frauenfeld, Switzerland). 

Foram incluídos um total de 105 pacientes com lesões ateroscleróticas da artéria femoral superficial ou poplítea proximal com um diâmetro de referência entre 3 e 7 mm e uma longitude não maior a 150 mm. Era necessária uma saída adequada com pelo menos uma artéria infrapatelar permeável e no caso de resultado sub-ótimo (estenose >50% o dissecção) estava permitido o implante de stent autoexpansível. O procedimento resultou bem sucedido em todos os casos com taxa de implante de stent de resgate de 12.3%.

A permeabilidade primária em um ano foi 83.7% e em dois anos 72.4%. não se observaram diferenças significativas com respeito à permeabilidade primária nos ptes que receberam stent vs os que não (69.2% vs 75.4%; p= 0.426), nos ptes com lesões oclusivas vs não oclusivas, lesões severamente calcificadas vs não calcificadas e comprometimento da artéria poplítea vs doença da femoral superficial somente. Parecem influenciar o resultado, o número de artérias infrapatelares permeáveis e a longitude da lesão . A 27±3 meses observou-se uma mortalidade de 2.2%, amputação 1% e revascularização da lesão de 14.3%. O índice tornozelo braço mostrou uma melhora significativa e contínua no tempo (0.88 aos 27±3 meses vs 0.86 aos 12 meses vs. 0.56 basal; p<0.001) do mesmo modo que a distância máxima de caminhada (418 metros vs 316 metros vs 111 metros respectivamente; p<0.001).

Conclusão: 

A angioplastia com balão eluidor de paclitaxel tem resultados favoráveis em pacientes com doença aterosclerótica na região femoropoplítea e também permite mais opções terapêuticas para o futuro pelo fato de não deixar uma prótese permanente.

Comentário editorial: 

Excluir os pacientes com isquemia crítica ou com lesões maiores de 150 mm foram limitações do estudo dada a frequência de pacientes com essas características na prática quotidiana. Pouco a pouco vai ficando evidente que a estratégia com balão farmacológico e implante de stent, somente no caso de resultado sub-ótimo, é a melhor opção nessa região.

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