Título original: Drug-Eluting Balloon in Peripheral Intervention for the Superficial Femoral Artery. The DEBATE-SFA Randomized Trial (Drug Eluting Balloon in Peripheral Intervention for Superficial Femoral Artery). Referência: Liistro, F, el tal. J Am Coll Cardiol Intv 2013;6(12):1295-1302
O tratamento atualmente preferido no território femoro-poplíteo é a angioplastia, embora tenha uma taxa de reestenose alta (entre 40% e 60%) em 12 meses. Por isso, foram desenvolvidas novas tecnologias como o balão farmacológico (DEB), embora sua utilidade não tenha sido de todo demonstrada.
Neste trabalho foram incluídos 104 pacientes (110 membros inferiores com 110 lesões) e foram randomizados 1:1 para balão farmacológico mais stent versus balão convencional mais stent. Todos apresentavam lesões ou oclusões totais de pelo menos 40 mm na artéria femoral superficial ou poplítea. Era condição para ingressar no estudo ter pelo menos um vaso permeável infrapatelar (no caso de ter lesões, que estas não superem 70%).
As características das populações foram similares, com uma idade média de 75 anos e mais de 70% de diabéticos. Todos apresentavam claudicação intermitente classe 3 ou maior de Rutherford. O comprimento das lesões foi próximo a 100 mm e 57% receberam também angioplastia infrapatelar.
O êxito do procedimento foi similar em ambos os grupos e não houve maiores complicações intra-hospitalares. Nos 12 meses de acompanhamento seguintes faleceram 2 pacientes do grupo DEB (1 por insuficiência cardíaca e outro por sepse) e 1 do grupo balão convencional (morte súbita), não se registraram amputações maiores.
A reestenose foi menor nos que receberam DEB (17% versus 47% p=0,008) assim como no subgrupo específico de lesões ≥100 mm (21% versus 62% p=0,01) ou nas oclusões totais. A melhora clínica no acompanhamento para classe 2 de Rutherford foi maior no grupo DEB + stent (81,8% versus 54,5% p=0,02).
Conclusão
A pré-dilatação com balão farmacológico anterior ao implante de stent comparada com balão convencional mais stent em lesões complexas da artéria femoral superficial reduz a reestenose e a revascularização a 12 meses. A redução da reestenose é mantida inclusive nas lesões maiores ou nas oclusões totais.
Comentário
Este estudo randomizado nos demonstra, como no RESILENT Trial, uma diminuição nas reintervenções tanto em lesões grandes como em oclusões totais, embora não tenha havido diferenças em eventos maiores com a utilização de balões liberadores de droga.
Embora trate-se de um estudo de um número aceitável de pacientes, seria necessário avaliar os DEB em pacientes com lesões mais complexas que afetem o território infrapatelar e com claudicação intermitente classe >4 de Rutherford, o que é um verdadeiro desafio em nossa prática diária.
Cortesia do Dr. Carlos Fava
Cardiologista Intervencionista
Argentina – Fundación Favaloro
Dr. Carlos Fava para SOLACI.ORG