Título original: Percutaneous coronary intervention with everolimus-eluting bioresorbable vascular scaffolds in routine clinical practice: early and midterm outcomes from the European multicentre GHOST-EU registry. Referência: Capodanno D et al. EuroIntervention. 2014 Jul 18. Epub ahead of print
O registro GHOST-EU, que incluiu 1189 pacientes de 10 centros Europeus entre 2011 e 2014, é até o momento o maior registro sobre a plataforma bioabsorvível liberadora de everolimo Absorb (Abbott Vascular; Santa Clara, CA). Um terço dos pacientes (34,8%) tinha doença de vários vasos e mais da metade (51%) apresentava lesões complexas. Todos os pacientes receberam aspirina e foi acrescentado clopidogrel, prasugrel ou ticagrelor por 6 a 12 meses após o procedimento.
O número total de plataformas bioabsorvíveis utilizada por paciente foi de 1,73, 18,4% também necessitando de um stent convencional ou farmacológico. De maneira global, o êxito técnico foi de 99,7%. O ponto final primário, um combinado de óbito cardíaco, infarto relacionado ao vaso ou revascularização da lesão justificada por isquemia foi de 4,4% em 6 meses. O único preditor independente de eventos foi a diabetes (HR 2,41; IC 95% 1,28 a 4,53). Foram observadas 23 tromboses definitivas/prováveis, o que representa 1,5% em 30 dias e 2,1% em 6 meses. A maioria dos casos (70%) ocorreu dentro dos 30 dias, com uma média de 5 dias após o procedimento. Os 87% dos pacientes que apresentaram trombose da plataforma estavam sob dupla anti-agregação no momento do evento..
Conclusão
A plataforma bioabsorvível liberadora de everolimo mostrou resultados aceitáveis em 6 meses em uma população desafiante do mundo real, ainda que essa taxa de trombose, principalmente dentro dos primeiros 30 dias, não tenha sido desprezível.
Comentário editorial
Dada a complexidade das lesões tratadas, muitos dos pacientes incluídos não cumpriram com os critérios de inclusão para os estudos ABSORB II e III, mostrando que este registro reflete os resultados do mundo real. A taxa de trombose é maior que a esperada e excede o relatado para os stents farmacológicos de segunda geração. O fato de que a maioria das tromboses tenham se concentrado dentro dos primeiros dias sugere a necessidade de uma seleção cuidadosa das lesões a serem tratadas, uma técnica apurada no paciente e provavelmente um controle sistemático após o implante com alguma imagem (IVUS ou OTC). Uma pergunta que deve ser respondida por um trabalho aleatório a longo prazo com relação ao melhor stent farmacológico é se o aparentemente maior risco de trombose inicial se contrabalanceia com um benefício após a biodegradação da plataforma.
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