TAVI em pessoas de mais de 90 anos: o benefício se mantém como nos mais jovens

Título original: Should Transcatheter Aortic valve replacement Be Performed in Nonagenarians? Insights from the STS/ACC TVT Registry. Referência: Mani Arsalan et al. J Am Coll Cardiol. 2016 Mar 29;67(12):1387-95.

Gentileza do Dr. Carlos Fava

O benefício da substituição valvar aórtica percutânea (TAVI) está muito bem demonstrado na população geral de pacientes que recebem este procedimento. O grupo de pacientes com mais de 90 anos está atualmente em crescimento e existe muito pouca informação se eles também se beneficiariam com o TAVI como os pacientes mais jovens.

Foram analisados 3.773 pacientes ≥ 90 anos e 20.252 < 90 que receberam TAVI, com seguimento de 30 dias e um ano.

A idade média foi de 92 anos no grupo mais idoso e de 82 anos nos mais jovens. No grupo ≥ 90 anos houve mais mulheres, menos cirurgia cardíaca não valvular, diabetes, AVC e infarto prévio, mas houve mortalidade cirúrgica estimada (STS PROM 9,2% vs. 6,3%; p < 0,001).

Na evolução intra-hospitalar, o grupo ≥ 90 anos apresentou mais AVC, complicações vasculares, sangramento, transfusões, mais dias em uma unidade de cuidados críticos e também mais mortalidade (6,5% vs. 4,5% p < 0,001).

No seguimento de 30 dias e no de um ano não houve diferença na taxa de AVC, reinternação ou infarto agudo do miocárdio. As reinternações por insuficiência cardíaca foram maiores nos nonagenários nos primeiros 30 dias mas isto se igualou no seguimento de um ano.

A mortalidade foi maior nos ≥ 90 anos (30 dias 8,8% vs. 5,9%; p < 0,001 e em um ano 24,8% vs. 22%; p < 0,001, risco absoluto de 2,8%, risco relativo de 12,7%).

Houve inclusive 15 pacientes ≥ 100 anos, nenhum faleceu em 30 dias e a mortalidade em um ano foi de 6,7%.

Depois do ajuste das variáveis demográficas, os ≥ 90 anos continuaram mostrando uma maior taxa de insuficiência cardíaca em 30 dias e de mortalidade em 30 dias e em um ano.

A qualidade de vida deste grupo foi menor em 30 dias mas foi similar em 12 meses comparando-se com os pacientes mais jovens.

Conclusão
Na prática corrente, aproximadamente 16% dos pacientes que recebem TAVI são ≥ 90 anos. Embora a mortalidade em 30 dias e em um ano seja maior comparada com os mais jovens, a diferença absoluta e relativa foi modesta. O TAVI melhora a qualidade de vida deste grupo, assim como ocorre com os mais jovens. Estes dados respaldam a segurança e eficácia do TAVI nos pacientes muito idosos.

Comentário editorial
Esta é a maior análise publicada da evolução neste grupo etário, o que nos demonstra não somente que é factível e seguro mas também que melhora a qualidade de vida de maneira comparável com o que ocorre com os mais jovens.

Gentileza do Dr. Carlos Fava
Cardiologista Intervencionista
Fundación Favaloro – Buenos Aires

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