Valve in valve para válvula tricúspide

Título original: Trancatheter Tricuspid Valve-in-Valve Implantation for the Treatmente of Disfuncional Surgical Bioprosthetic Valve. An International, Multicenter Registry Study. Referência: Doff B. McElhinney, et al. Circulation 2016;133:1582-93

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

A cirurgia de substituição valvar tricúspide é pouco frequente, complexa e a durabilidade das válvulas biológicas é de 10 a 15 anos. A reoperação se associa a uma alta mortalidade (10 a 33%). O implante de válvulas percutâneas é uma nova estratégia que deve ser avaliada.

Foram incluídos 152 pacientes que receberam um procedimento de valve-in-valve em posição tricúspide (VinVT) por disfunção de uma prótese biológica prévia. Em 94 pacientes foi implantada uma válvula Melody e em 58 válvulas Edwards (12 Sapiens, 41 Sapiens XT e 5 Sapiens 3).

A idade média foi de 40 anos, a maioria dos pacientes se encontravam em insuficiência cardíaca CF III/IV. Os que receberam a prótese Melody eram mais jovens, apresentavam mais doença cardíaca congênita e tinham válvulas cirúrgicas menores.

A causa mais frequente do implante foi a combinação de estenose e insuficiência (47%), seguida de estenose (29%) e por último de insuficiência (24%).

Foi possível implantar com sucesso uma válvula transcateter em 150 pacientes. Após o implante houve uma queda significativa do gradiente médio tricúspide (7 mmHg a 2 mmHg; p =< 0,001). Este resultado foi similar para ambos os tipos de próteses utilizadas. A estadia hospitalar foi de 2 dias. Nos primeiros 30 dias faleceram 5 pacientes (em dois pacientes o procedimento foi tratamento compassivo) e 4 pacientes (2 de cada válvula) apresentaram falha do implante por insuficiência moderada ou estenose severa.

Em 13 meses, 77% dos pacientes se encontravam em classe funcional I-II. Durante dito período de seguimento faleceram 17 pacientes, todos tendo evoluído para classe funcional III-IV, sendo que 10 necessitaram reintervenção.

Conclusão
O valve-in-valve em posição tricúspide com as válvulas percutâneas disponíveis é técnica e clinicamente bem-sucedido em pacientes de diferentes idades e com um amplo espectro de diâmetros valvulares. Vale ressaltar que houve uma melhora na classe funcional. O VinVT deveria ser considerado como uma alternativa de tratamento da falha das bioprótesis na válvula tricúspide.

Comentário editorial
Para realizar este registro foram requeridos 50 centros (1 a 3 pacientes por centro e somente 5 incluíram ≥ 5), o que nos mostra o pouco frequente que é esta patologia.

A realização de VinVT é uma estratégia razoável e segura que se associa a uma melhora clínica neste grupo de alto risco e de tão difícil manejo clínico.

Gentileza do Dr. Carlos Fava.
Cardiologista Intervencionista
Fundación Favaloro – Buenos Aires

Mais artigos deste autor

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

Valvoplastia aórtica radial: vale a pena ser minimalista?

A valvoplastia aórtica com balão (BAV) foi historicamente empregada como estratégia de “ponte”, ferramenta de avaliação ou inclusive tratamento paliativo em pacientes com estenose...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...