IVUS vs. angiografia em pré-implante de novos stents farmacológicos

Gentileza do Dr. Guillermo Migliaro.

IVUS vs. angiografia Os últimos guias do ACC de 2011 dizem que “poder-se-ia considerar a ultrassonografia intravascular coronária (IVUS) como ferramenta para guiar a implantação de stents coronários, sobretudo em angioplastias do tronco de coronária esquerda (Classe IIB, Nível de evidência: B)”. O debate sobre o tema leva já muitos anos e ainda não tem vencedores. A presente análise contribui com nova informação utilizando plataformas atuais.

 

O objetivo do trabalho foi avaliar a utilidade do IVUS na implantação de novos stents farmacológicos (DES) em lesões complexas. Para isso, realizou-se uma metanálise de pacientes individuais de estudos randomizados. Foram analisados 2.345 pacientes incluídos em três trabalhos [RESET IVUS (2013), CTO-IVUS (2014) e IVUS-XPL (2015)], todos com lesões longas ou oclusões totais crônicas. O desfecho primário foi MACE (combinação de morte cardiovascular, infarto ou trombose do stent). Foram realizadas análises por intenção de tratamento e por protocolo.

 

Um ano após o procedimento observou-se uma maior taxa de MACE no grupo de pacientes nos quais a implantação foi guiada por angiografia vs. aqueles nos quais a implantação foi guiada por IVUS (1,2% vs. 0,4% HR: 0,36; IC 95%: 0,13 a 0,99; p = 0,040).

 

No grupo de implantação guiada por IVUS observou-se uma menor taxa de infarto (0% vs. 0,4%; HR: 0,09; p = 0,026). Na análise por protocolo, o benefício do IVUS foi ainda maior para MACE (HR: 0,32; IC 95%: 0,12 a 0,89; p = 0,021).

 

Conclusão

Os autores concluem que em pacientes com oclusões longas ou totais crônicas a implantação de stents de última geração guiada por IVUS reduz a taxa de MACE no seguimento.

 

Comentário editorial

As metanálises prévias sobre este tema incluem diferentes tipos de DES e muitas incorporam stents de primeira geração. Levando em consideração o desempenho superior dos stents farmacológicos de última geração com relação aos mais antigos, um trabalho destas características era necessário para esclarecer a utilidade do IVUS na implantação destas plataformas. É necessário considerar que a informação apresentada se aplica somente a lesões longas ou a oclusões totais crônicas.

 

Outro ponto interessante do trabalho é o fato de o mesmo incluir somente desfechos duros, diferentemente de outros como o IVUS-XPL, por exemplo, cujo resultado foi positivo mas a expensas de TLR. Chama atenção a ocorrência de três casos de tromboses do stent no grupo IVUS e o fato de nenhum deles ter desencadeado um infarto. Embora a diferença no desfecho duro seja significativa, a maior diferença continua sendo em TLR.

 

Gentileza do Dr. Guillermo Migliaro. Hospital Alemão, Buenos Aires, Argentina.

 

Título original: Effects of Intravascular Ultrasound–Guided Versus Angiography-Guided New-Generation Drug-Eluting Stent Implantation Meta-Analysis With Individual Patient–Level. Data From 2,345 Randomized Patients.

Referência: Shin DH et al. J Am Coll Cardiol Intv. 2016


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Perfurações coronarianas e o uso de stents recobertos: uma estratégia segura e eficaz a longo prazo?

As perfurações coronarianas continuam sendo uma das complicações mais graves do intervencionismo coronariano (PCI), especialmente nos casos de rupturas tipo Ellis III. Diante dessas...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Impacto da pós-dilatação com balão na durabilidade a longo prazo das biopróteses após o TAVI

A pós-dilatação com balão (BPD) durante o implante percutâneo da válvula aórtica (TAVI) permite otimizar a expansão da prótese e reduzir a insuficiência aórtica...

TAVI em insuficiência aórtica nativa pura: são realmente superiores os dispositivos dedicados?

Esta metanálise sistemática avaliou a eficácia e a segurança do implante percutâneo da valva aórtica em pacientes com insuficiência aórtica nativa pura. O desenvolvimento...

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...