Gentileza do Dr. Brian Nazareth Donato.
Existem diversas definições propostas para o diagnóstico de infarto pós-procedimento, sendo que cada uma delas se vale de biomarcadores e limiares variáveis. A última atualização da Terceira Definição Universal de Infarto do Miocárdio decidiu utilizar somente o valor de troponina com um limiar superior a 5 acima do valor normal (VN), acrescentando a evidência clínica por ECG, ecocardiograma ou sintomas de isquemia para diferenciá-lo de injúria miocárdica. Posteriormente a esta última definição, a SCAI utilizou um limite de troponinas > 70 em relação ao valor normal para definir um IAM tipo 4 clinicamente relevante.
No presente estudo retrospectivo, analisaram-se os pacientes admitidos em um só centro durante um ano com diagnóstico de angina estável, angina instável e infarto agudo do miocárdio sem elevação do segmento ST. Ditos pacientes foram submetidos a angioplastia, havendo sido analisados seus valores de troponinas pré e pós-procedimentos, assim como a incidência de mortalidade, IAM recorrente e necessidade de nova revascularização.
Resultados: De um total de 516 pacientes analisados, 53 (10,3%) apresentaram critérios de IAM tipo 4, 116 (22,5%) injuria do miocárdio (elevação somente de troponinas 5 vezes acima de VN) e 347 (67,2%) não tiveram mudanças significativas nos valores de marcadores cardíacos, constituindo estes últimos o grupo controle.
Na análise de seguimento de um ano não houve diferenças clinicamente significativas na mortalidade entre os grupos (p = 0,13). O IAM recorrente foi similar nos grupos de IAM tipo 4 e injúria miocárdica, ambos significativamente maiores que o grupo controle (p = 0,03).
A complexidade dos procedimentos variou entre os grupos, apresentando um maior número de stents, maior comprimento dos mesmos, uso de Rotablator e tratamento de bifurcações no grupo de IAM tipo 4 e injúria miocárdica quando comparados com o grupo controle. Quando se comparou somente os grupos de IAM e injúria miocárdica, a necessidade de tratamento em bifurcação foi maior no grupo de IAM tipo 4.
Conclusões
O IAM tipo 4 não se associou a um aumento da mortalidade em um ano, apresentando – juntamente com a injúria miocárdica – um maior risco de IAM recorrente. O uso do número de stents, o comprimento dos mesmos, o tratamento de bifurcações e o Rotablator se associaram a maior incidência de IAM tipo 4 e injúria miocárdica.
Comentário editorial
Existe uma longa história de interesse e controvérsia na definição do infarto periprocedimento. O relevante aqui é saber se este se encontra associado ou não ao risco subsequente de resultados adversos, especialmente a mortalidade.
Embora o presente artigo – devido a seu desenho e ao tamanho da amostra – não possa nos apresentar resultados categóricos, proporciona-nos informação tranquilizadora frente a um número não menor de pacientes (33% da população) que após uma PCI evolui com aumento de seus marcadores, o que leva muitas vezes ao prolongamento de sua internação e inclusive à necessidade de novas coronariografias só justificadas pelo valor das troponinas, que cada dia são mais sensíveis ao diagnóstico, sem que possamos relacioná-las com o aumento da mortalidade.
Gentileza do Dr. Brian Nazareth Donato.
Hospital Britanico de Buenos Aires, Argentina.
Título original: Type 4a myocardial infarction: incidence, risk factors, and long-term outcomes.
Referência: Catheterization and Cardiovascular Interventions DOI 10.1002/ccd. Xiaoyu Yang, Hector Tamez, Carol Lai, Kalon Ho, and Donald Cutlip.
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