Começa a surgir evidência positiva para a “valva esquecida”

insuficiência tricúspide é frequente e na maioria das vezes é secundária à dilatação do ventrículo direito e do anel tricúspide. A insuficiência tricúspide moderada a severa tem sido relacionada a um aumento da mortalidade, embora historicamente esta valva tenha ficado relegada em importância com relação às outras três.

Comienza a surgir evidencia positiva para la “válvula olvidada”

A reparação cirúrgica da tricúspide tem bons resultados, mas é feita quase que exclusivamente no contexto da reparação de alguma das outras valvas. Nesse sentido, sua reparação isolada é infrequente e não isenta de risco, sobretudo devido a comorbidades como a disfunção do ventrículo direito, hipertensão pulmonar e cirurgias cardíacas prévias.

 

sistema FORMA (Edwards Lifesciences, Irvine, Califórnia) é um dispositivo que atua na superfície para que a valva tenha uma melhor coaptação e o óstio regurgitante se reduza.


Leia também: Reparação da valva tricúspide com a técnica do Mitra Clip”.


O trabalho incluiu 18 pacientes que receberam este novo dispositivo em três centros diferentes, alcançando sucesso técnico em 16 (89%). Os fracassos de procedimento se relacionaram com a perfuração do ventrículo direito, que requereu cirurgia ou embolização do dispositivo.

 

Em um ano não se observaram mortes, arritmias significativas, infecções do dispositivo nem embolizações do mesmo. Nos 14 pacientes com implante bem-sucedido e seguimento de um ano observou-se uma melhora significativa da classe funcional e um aumento de 84 metros no teste da caminhada dos 6 minutos.


Leia também: “VIVA post-market study: O valve-in-valve soma mais evidências”.


A ecocardiografia mostrou uma redução da insuficiência tricúspide de severa antes do procedimento a moderada ou menos em 69% dos pacientes em 30 dias e em 46% dos pacientes em um ano. Os diâmetros do anel tricúspide e do ventrículo direito também se reduziram em um ano (de 45,7 ± 4,8 mm a 42,1 ± 4,4 mm, p = 0,004 e de 54 ± 5,3 mm a 49,9 ± 4,3 mm, p = 0,02, respectivamente).

 

Conclusão

O implante do dispositivo FORMA em pacientes de alto risco com insuficiência tricúspide severa se mostrou factível e com bons resultados de segurança a médio prazo. Em um ano, apesar de reduções variáveis no grau de insuficiência tricúspide, a melhora clínica foi clara assim como a redução dos diâmetros ventriculares.

 

Comentário editorial

O principal achado deste trabalho é a melhora clínica significativa derivada da redução da insuficiência tricúspide e da melhora dos diâmetros em um ano. Essa tendência favorável levou a uma redução das hospitalizações por insuficiência cardíaca. A melhora pode ser objetivada com uma redução das pressões de enchimento do átrio direito e um aumento do gasto cardíaco do ventrículo direito.

 

Os resultados mais modestos do ecocardiograma não se correlacionam com os resultados clínicos e hemodinâmicos, o que poderia ser explicado pela dificuldade técnica em medir a insuficiência uma vez que o dispositivo está implantado.

 

Título original: Transcatheter Tricuspid Valve Repair With a New Transcatheter Coaptation System for the Treatment of Severe Tricuspid Regurgitation. 1-Year Clinical and Echocardiographic Results.

Referência: Gidon Perlman et al. J Am Coll Cardiol Intv 2017. Article in press.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

 

Mais artigos deste autor

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

Valvoplastia aórtica radial: vale a pena ser minimalista?

A valvoplastia aórtica com balão (BAV) foi historicamente empregada como estratégia de “ponte”, ferramenta de avaliação ou inclusive tratamento paliativo em pacientes com estenose...

Fibrilação atrial após oclusão percutânea do forame oval patente: estudo de coorte com monitoramento cardíaco implantável contínuo

A fibrilação atrial (FA) é uma complicação bem conhecida após a oclusão do forame oval patente (FOP), com incidência relatada de até 30% durante...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...