Os stents autoexpansíveis são superiores aos balão-expansíveis no território ilíaco

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

A doença aterosclerótica severa nas artérias ilíacas está presente em 15% dos homens e em 5% das mulheres. A TAC II recomenda a angioplastia nas lesões tipo A, B e C.

Los stent autoxpandibles son superiores a los de balón expandibles en el territorio ilíaco

Com relação ao tipo de stent autoexpansível (SAE, maior elasticidade) vs. balão autoexpansível (SBE, maior força radial), Reekers indica uma superioridade na revascularização da lesão (TLR) a favor dos SAE. No entanto, na atualidade não há nenhum estudo randomizado que proporcione informação nesse sentido.

 

Este é um trabalho prospectivo, multicêntrico e randomizado que analisou os SAE vs. os SBE em lesões severas ou oclusões na artéria ilíaca.


Leia também: Suspender a dupla antiagregação gera mais eventos trombóticos em 12 meses”.


Foram incluídos pacientes com claudicação intermitente estágio Rutherford 1-4 e com lesão ≥ 70% por eco-Doppler, e excluíram-se lesões na aorta ou na femoral comum.

 

Incluíram-se 660 pacientes, 340 SAE e 320 SBE. As populações estiveram bem balanceadas: a idade média foi de 63 anos (a maior parte dos pacientes eram homens), 25% eram diabéticos e 60% fumantes. Houve maior presença de doença coronariana nos que receberam SBE. O estágio mais frequente foi Rutherford 3 (55%), seguido pelo 2 (26%). Somente 2% dos pacientes apresentaram isquemia de repouso.

 

A artéria mais tratada foi a ilíaca primitiva (60%); o comprimento da lesão nos SAE foi de 41 mm vs. 33,7 mm (p = 0,005); o comprimento do stent foi de 56,7 vs. 47,6 (p < 0,0001). Não houve diferença no sucesso técnico.


Leia também: A estratégia invasiva precoce beneficia os pacientes de alto risco”.


A reestenose foi menor nos que receberam SAE 6,1% vs. 14,9% (p = 0,0006). Em 12 meses, o Kaplan Meier de perviedade primária foi de 94,5% vs. 87% (p = 0,026), o TLR foi 3% vs. 6,4% (p = 0,04) e a liberdade de TLR em 12 meses foi 97,2% vs. 93,6% (p = 0,04).

 

O ABI e a melhora clínica foi superior nos SAE.

 

A amputação e o AVC foram similares nos dois grupos, mas a mortalidade global e o MAVE foram maiores nos que receberam SBE.

 

Conclusão

O tratamento da artéria ilíaca com SAE comparado com os SBE apresenta uma menor taxa de reestenose em 12 meses e uma redução significativa no TLR. Não houve problemas com a segurança dos stents em ambos os grupos.

 

Comentário

Este estudo é importante porque nos demonstra a superioridade dos stents autoexpansíveis no território ilíaco. Isso certamente ocorre devido à menor força radial (que faz com que haja menos estresse circunferencial com menor proliferação neointimal) e à maior flexibilidade que favorece a preservação da complacência arterial em comparação com a rigidez dos SBE.

 

Devemos levar em consideração que a pós-dilatação nos SAE é primordial para assegurar uma correta expansão do stent.

 

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

 

Título original: Self-Expanding versus ballon-expandable Stents for Iliac Artery Occlusive Disease. The Randomized ICE Trial.

Referência: Hans Krankernberg, et al. J Am Coll Cardiol Int 2017;10:1694-1704.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Revascularização coronariana guiada por iFR vs. FFR: resultados clínicos em seguimento de 5 anos

A avaliação das estenoses coronarianas mediante fisiologia coronariana se consolidou como uma ferramenta crucial para guiar a revascularização. As duas técnicas mais empregadas são...

ACC 2025 | WARRIOR: isquemia em mulheres com doença coronariana não obstrutiva

Aproximadamente a metade das mulheres sintomáticas por isquemia que se submetem a uma coronariografia apresentam doença coronariana não significativa (INOCA), o que se associa...

Pacientes com alto risco de sangramento após uma ATC coronariana: são úteis as ferramentas de definição de risco segundo o consórcio ARC-HBR e a...

Os pacientes submetidos ao implante de um stent coronariano costumam receber entre 6 e 12 meses de terapia antiplaquetaria dual (DAPT), incluindo esta um...

Principais estudos do segundo dia do ACC 2025

BHF PROTECT-TAVI (Kharbanda RK, Kennedy J, Dodd M, et al.)O maior ensaio randomizado feito em 33 centros do Reino Unido entre 2020 e 2024...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Revascularização coronariana guiada por iFR vs. FFR: resultados clínicos em seguimento de 5 anos

A avaliação das estenoses coronarianas mediante fisiologia coronariana se consolidou como uma ferramenta crucial para guiar a revascularização. As duas técnicas mais empregadas são...

TAVI em anel pequeno: que válvula devemos utilizar?

Um dos principais desafios na estenose aórtica severa são os pacientes que apresentam anéis valvares pequenos, definidos por uma área ≤ 430 mm². Esta...

ACC 2025 | WARRIOR: isquemia em mulheres com doença coronariana não obstrutiva

Aproximadamente a metade das mulheres sintomáticas por isquemia que se submetem a uma coronariografia apresentam doença coronariana não significativa (INOCA), o que se associa...