Acesso arterial após a administração de trombolíticos

No subgrupo de pacientes com infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST que foram trombolisados sem sucesso, o acesso radial não somente reduz o sangramento como também a mortalidade, segundo os resultados deste novo estudo publicado recentemente no JACC Cardiovascular Interventions.

Acceso arterial luego de la administración de trombolíticos

Globalmente, o acesso radial após uma trombólise malsucedida se associou a 70% de redução das complicações vasculares, 28% de redução de eventos combinados intra-hospitalares e 55% de redução do sangramento quando comparado com o acesso femoral.


Leia também: O uso do acesso radial na angioplastia primária está em crescimento, embora ainda não seja muito utilizado”.


O mais importante é que o acesso radial reduziu a mortalidade intra-hospitalar em 41% e a mortalidade em 30 dias em 28%.

 

A angioplastia primária é o padrão ouro para tratar pacientes com infarto em curso. No entanto, os trombolíticos continuam sendo uma ferramenta fundamental quando não se pode oferecer a angioplastia dentro de uma janela de tempo razoável, e isso é uma realidade para todos os países do mundo.

 

Quase um quarto dos pacientes com um infarto agudo do miocárdio em curso nos países desenvolvidos recebem trombolíticos devido às dificuldades a um acesso rápido à angioplastia primária. Dito número é muito maior em países em vias de desenvolvimento. De fato, um estudo realizado em 2011 na Argentina mostrou que quase 40% dos pacientes não recebe nenhuma estratégia de reperfusão.


Leia também: O acesso radial reduz o risco de insuficiência renal em pacientes agudos”.


Uma porcentagem relativamente alta de pacientes que recebem trombolíticos não vai ter uma reperfusão adequada e devem ser trasladados a angioplastia de resgate.

 

A população que aqui nos ocupa é de altíssimo risco e não só pelo sangramento mas também porque é frequente a instabilidade hemodinâmica. Infelizmente este último ponto inclina muitos operadores a utilizarem o acesso radial.

 

Para este trabalho foi utilizada a base de dados da Sociedade Britânica de Cardiologia Intervencionista, que incluiu 10.209 pacientes entre 2007 e 2014 que receberam angioplastia após a trombólise. Durante esse período de tempo, o uso de angioplastia após os trombolíticos foi declinando significativamente de 38% em 2007 a só 1,2% em 2014 e de maneira oposta foi aumentando o uso do acesso radial de 43% em 2009 a 82% em 2012.


Leia também: O acesso radial deixa a bivalirudina sem margem de benefício”.


A mortalidade intra-hospitalar em 30 dias e em um ano dos 4.959 pacientes que receberam acesso radial foi de 1,8%, 3,7% e 5,6% respectivamente, enquanto que os 5.250 pacientes cuja angioplastia de resgate foi feita por acesso femoral tiveram significativamente mais mortalidade em todos os cortes de tempo e inclusive após todos os ajustes (4,7%, 7,5% e 9,8%, respectivamente).

 

Em agosto deste ano a Sociedade Europeia de Cardiologia atualizou seus guias para o manejo de pacientes com infarto agudo do miocárdio e “premiou” o acesso radial com uma indicação classe IA.

 

Dita indicação é uma clara mensagem para os Cardiologistas Intervencionistas que ainda não evoluíram ao acesso radial.

 

Título original: Impact of access site practice on clinical outcomes in patients undergoing percutaneous coronary intervention following thrombolysis for ST-segment elevation myocardial infarction in the United Kingdom.

Referência: Rashid M et al. J Am Coll Cardiol Intv. 2017;10:2258-2265.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Marcadores cardíacos como preditores de risco cardiovascular: utilidade para além da síndrome coronariana aguda?

As troponinas cardíacas de alta sensibilidade (TnT e TnI) são um dos pilares fundamentais no diagnóstico da síndrome coronariana aguda (SCA). No entanto, sua...

Perviedade radial em procedimentos coronarianos: a heparina é suficiente ou deveríamos buscar a radial distal?

O acesso radial é a via de escolha na maioria dos procedimentos coronarianos devido à redução nas taxas de mortalidade demonstradas em comparação com...

Revascularização coronariana guiada por iFR vs. FFR: resultados clínicos em seguimento de 5 anos

A avaliação das estenoses coronarianas mediante fisiologia coronariana se consolidou como uma ferramenta crucial para guiar a revascularização. As duas técnicas mais empregadas são...

ACC 2025 | WARRIOR: isquemia em mulheres com doença coronariana não obstrutiva

Aproximadamente a metade das mulheres sintomáticas por isquemia que se submetem a uma coronariografia apresentam doença coronariana não significativa (INOCA), o que se associa...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Implante valvar percutâneo da valva tricúspide. Lux-Valve

A insuficiência tricúspide (IT) é uma entidade que se associa a uma má qualidade de vida, frequentes hospitalizações por insuficiência cardíaca e um aumento...

Marcadores cardíacos como preditores de risco cardiovascular: utilidade para além da síndrome coronariana aguda?

As troponinas cardíacas de alta sensibilidade (TnT e TnI) são um dos pilares fundamentais no diagnóstico da síndrome coronariana aguda (SCA). No entanto, sua...

Tratamento percutâneo da valva pulmonar com válvula autoexpansível: resultados do seguimento de 3 anos

A insuficiência pulmonar (IP) é uma doença frequente em pacientes que foram submetidos a reparação cirúrgica da Tetralogia de Fallot ou outras patologias que...