Comparada com a cirurgia, a reparação endovascular de aneurismas de aorta abdominal rotos têm melhores resultados clínicos, melhor sobrevida e melhor qualidade de vida para os pacientes (além de diminuir custos para o sistema de saúde), segundo os resultados de médio prazo do estudo IMPROVE publicados recentemente no British Medical Journal.
Embora os resultados iniciais não revelem diferenças entre as duas estratégias em termos de mortalidade, em 3 anos de seguimento foi possível demonstrar um benefício significativo no desfecho mais duro de todos. A mortalidade para aqueles pacientes tratados com endoprótese foi de 42% vs. 54% para os que foram submetidos a cirurgia aberta (OR 0,62; IC 95% 0,43 a 0,88).
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Muitos clínicos se desiludiram com os resultados iniciais, já que a mortalidade foi alta e similar com qualquer das estratégias mostrando que o verdadeiro problema era o choque hipovolêmico com o qual são admitidos muitos desses pacientes. À medida que o tempo foi passando, a maior estadia em cuidados críticos e a maior necessidade de hemodiálise jogaram contra a cirurgia.
O estudo IMPROVE incluiu 613 pacientes com aneurismas de aorta abdominal ou aneurismas ilíacos rotos que foram tratados em 1 centro do Canadá e em 29 centros da Inglaterra entre 2009 e 2013. Todos foram randomizados a cirurgia aberta (n = 297) ou a tomografia imediata para definir factibilidade anatômica para endoprótese (n = 316).
Em 4,7 anos de seguimento médio observou-se uma tendência a menor mortalidade no grupo endovascular (HR 0,92; IC 95% 0,75 a 1,13), tendência que se confirmou após o ajuste da curva de Kaplan-Meier. Entre os 3 meses e os 3 anos a sobrevida com endoprótese foi claramente superior à cirurgia (HR 0,57; IC 95% 0,36 a 0,90).
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O excesso de mortalidade na cirurgia não esteve diretamente relacionado ao aneurisma ou a sua reparação.
A taxa de reintervenções foi similar entre ambas as estratégias, sendo o risco de amputação a complicação mais temida pelos pacientes e seus familiares.
Dois pacientes apresentaram uma segunda ruptura no seguimento após receber originalmente uma endoprótese. Em ambos os casos o evento se associou a regurgitação tipo 1. A segunda ruptura não foi exclusiva do grupo endoprótese, já que um paciente do ramo cirurgia também apresentou dito evento.
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A estadia hospitalar média para endoprótese foi de 14,4 dias vs. 20,5 para a cirurgia, o que torna a estratégia endovascular mais custo-efetiva.
Título original: Comparative clinical effectiveness and cost effectiveness of endovascular strategy v open repair for ruptured abdominal aortic aneurysm: three year results of the IMPROVE randomised trial.
Referência: Powell JT et al. BMJ. 2017; Epub ahead of print.
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