À medida que a reparação endovascular dos aneurismas de aorta foi se consolidando como a opção número um para aqueles aneurismas com colos adequados que cumprissem com as especificações dos fabricantes de dispositivos, novas tecnologias foram surgindo. Estas novas tecnologias permitiram expandir a indicação naquelas anatomias mais complexas, como as que incluem um colo curto ou ausente e envolvem ramos viscerais.
Diversos estudos mostraram a factibilidade de tais procedimentos. No entanto, dita factibilidade está restringida pela necessidade de múltiplos materiais, tais como fios-guia, stents recobertos e próteses feitas sob medida, que pode fazer com que o custo/benefício em comparação com a cirurgia não seja o adequado.
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O objetivo deste trabalho foi determinar o custo/benefício da reparação de aneurismas de aorta abdominal ou torácicos complexos com endopróteses fenestradas ou ramificadas vs. cirurgia.
A mortalidade por qualquer causa somada às readmissões e consequentes custos hospitalares foram avaliados por separado: por um lado foram considerados os aneurismas para/justarrenais e por outro os supradiafragmáticos.
Foram incluídos 268 pacientes de alto risco tratados com endoprótese e 1.678 pacientes com risco intermediário ou baixo que foram submetidos a cirurgia durante o mesmo período de tempo.
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A mortalidade não foi diferente entre os grupos (14,9% vs. 11,8%; p = 0,150) e na análise multivariada com regressão de Cox não se encontrou uma associação entre o tipo de tratamento recebido e a mortalidade em 2 anos.
Uma proporção similar de pacientes voltou a ser internada pelo menos uma vez (69,7% com endoprótese vs. 64,2% com cirurgia; p = 0,096), mas em média os pacientes que receberam endoprótese voltaram a ser internados mais frequentemente (2,2 vs. 1,7; p = 0,001).
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O estudo foi realizado na França, motivo pelo qual os custos foram informados em euros. O custo do tratamento endovascular foi mais do dobro do da cirurgia (€ 46.039 vs. € 22.779; p < 0,001).
Em dois anos, o tratamento endovascular foi mais oneroso e menos efetivo, excetuando-se os aneurismas supradiafragmáticos.
Conclusão
O tratamento endovascular de aneurismas complexos em pacientes de alto risco mostrou uma mortalidade similar à da cirurgia em anatomias similares. No entanto, em pacientes de risco intermediário ou baixo, o tratamento endovascular custou o dobro. Dito custo foi basicamente conduzido pelos múltiplos stents graft necessários para os procedimentos. Seria interessante realizar este trabalho em pacientes de risco similar, já que, por exemplo, os maiores custos podem estar relacionados em parte com a maior quantidade de reinternações.
Título original: A Study of the Cost-effectiveness of Fenestrated/branched EVAR Comparedwith Open Surgery for Patients with Complex Aortic Aneurysms at 2 Years.
Referência: Morgane Michel et al. Eur J Vasc Endovasc Surg. 2018. Article in press.
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