Os pacientes com AVC criptogênico que sofrem de enxaqueca têm uma alta prevalência (79%) de forame oval patente (FOP) com shunt da direita para a esquerda. No entanto, o momento do AVC nos pacientes que sofrem de enxaqueca não se relaciona com o ataque de enxaqueca. Estas observações são consistentes com a hipótese de que o mecanismo mais provável do AVC nestes pacientes seja a embolia paradoxal.
Sabemos que os indivíduos com enxaqueca têm um risco de AVC maior que o da população geral, mas o problema é que não temos certezas sobre a fisiopatologia deste risco acrescido.
Devido à frequente associação entre shunt intracardíaco e enxaqueca, a embolia paradoxal foi formulada como hipótese de AVC em pacientes com FOP ou malformações arteriovenosas intrapulmonares. O objetivo deste trabalho foi determinar a prevalência de FOP com shunt da direita para a esquerda em pacientes que se apresentam com AVC criptogênico e histórico de enxaqueca.
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Todos os pacientes que se apresentaram com AVC isquêmico caracterizados com base no ASCOD (aterosclerose, doença de vasos pequenos, doença cardíaca, outros, dissecção). O diagnóstico de enxaqueca foi obtido de maneira retrospectiva, sendo frequente (50%) a presença de aura. O diagnóstico de FOP com shunt da direita para a esquerda foi obtido com um teste com contraste com bolhas positivo, com Doppler transcraniano, transtorácico ou transesofágico.
Dentre os 712 pacientes incluídos com AVC isquêmico, em 18% (127) se chegou ao diagnóstico de AVC criptogênico e dentre estes, mais da metade (68 pacientes) tinham FOP e histórico de enxaquecas.
Observou-se uma taxa muito alta de FOP (79%) naqueles pacientes com enxaqueca e AVC criptogênico e a taxa foi ainda maior (93%) quando a enxaqueca tinha aura.
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Apenas 5 pacientes (4%) tinham um histórico compatível com infarto associado à enxaqueca.
Conclusão
Nos pacientes com AVC criptogênico que têm uma enxaqueca há uma alta prevalência de forame oval patente com shunt da direita para a esquerda. O momento do AVC habitualmente não se relaciona com o ataque de enxaqueca, o que nos leva a crer que nestes pacientes o mecanismo fisiopatológico mais provável é a embolia paradoxal, do mesmo modo que naqueles pacientes que não apresentam enxaqueca. As futuras classificações de AVC criptogênico deveriam considerar o forame oval patente como uma categoria etiológica separada.
Título original: Frequency of Patent Foramen Ovale and Migraine in Patients With Cryptogenic Stroke.
Referência: Brian H. West et al. Stroke. 2018;49:00-00.
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