O uso da avaliação funcional das estenoses coronarianas (seguindo a recomendação classe IA, tanto dos guias americanos quanto dos europeus) não chega a 50% na prática clínica diária. A realidade é que mais da metade dos operadores continuam confiando cegamente na angiografia. A adoção da fisiologia coronariana para a tomada de decisões teve uma grande dispersão através dos países, centros e operadores.
O estudo ERIS (Evolving Routine Standards of FFR Use), do qual participaram 76 centros italianos, incluiu pacientes consecutivos durante um período de 60 dias e avaliou a adoção da fisiologia coronariana na prática diária, bem como as razões para não a usar.
Dois grupos de pacientes pré-especificados foram incluídos: 1) aqueles pacientes que foram testados por operadores que habitualmente utilizam FFR/iFR e aqueles pacientes (grupo 2) que foram tratados por operadores que decidiram não utilizar avaliação funcional. Os dois grupos de pacientes eram similares em suas características basais.
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Foram incluídos 1.858 pacientes em total (1.177 no grupo cujos operadores utilizam habitualmente FFR/iFR e 681 pacientes no grupo cujos operadores utilizam a estimação visual). A avaliação fisiológica foi utilizada em 7% das angiografias e em 13% do total das angioplastias. Tal nível de utilização teve correspondência com somente 48% do que sugerem os guias.
A razão principal para não utilizar o FFR/iFR foi que os operadores consideraram suficientes os dados clínicos e angiográficos para a tomada de decisões. Nesta análise os operadores tinham as ferramentas à mão para serem utilizadas, mas simplesmente confiaram na angiografia. Outra realidade sobre o grau de utilização da avaliação funcional tem a ver com aqueles lugares onde também entram em jogo razões administrativas e de cobertura dos planos de saúde. Se toda a evidência a favor do FFR/iFR é suficiente para convencer somente a metade dos operadores, o que podemos esperar dos financiadores da saúde que têm que cobrir os custos do procedimento.
Conclusão
A avaliação funcional das estenoses coronarianas na prática diária alcança aproximadamente 50% do que os Guias atualmente recomendam. A maior limitação foi que simplesmente os operadores se sentiram seguros com a estimação visual das lesões.
Título original: Evolving Routine Standards in Invasive Hemodynamic Assessment of Coronary Stenosis. The Nationwide Italian SICI-GISE Cross-Sectional ERIS Study.
Referência: Matteo Tebaldi et al. J Am Coll Cardiol Intv 2018. On line before print.
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